As forças militares israelenses intensificaram ataques em Gaza, matando pelo menos 72 pessoas desde a noite de quinta-feira (24), informaram autoridades palestinas. Parte da ofensiva incluiu uma incursão noturna ao Hospital Kamal Adwan, no norte do território, segundo fontes médicas locais.
No sul, o Ministério da Saúde de Gaza relatou que bombardeios em Khan Younis, uma das regiões atingidas, deixaram ao menos 38 mortos, incluindo mulheres e crianças. O exército israelense declarou que os ataques aéreos e terrestres miraram atiradores palestinos e desmantelaram instalações militares.
Since this morning’s reports of a raid of Kamal Adwan Hospital in northern #Gaza, we have lost touch with the personnel there. This development is deeply disturbing given the number of patients being served and people sheltering there.
Prior to this, @WHO and partners managed to… pic.twitter.com/KL5ElhoQia
— Tedros Adhanom Ghebreyesus (@DrTedros) October 25, 2024
Hospital Kamal Adwan sob ataques israelenses
Em meio à ofensiva no norte, moradores da cidade de Khan Younis se uniram para procurar sobreviventes entre os escombros. Ahmed Sobh descreveu o resgate dos corpos de seu primo e seus dois filhos: “Corremos e encontramos seus filhos, um menino e uma menina, martirizados. Seu filho estava deitado sob a coluna de concreto, levamos 1h30 para tirá-lo de lá”, disse à Reuters. Outro residente, Ahmed al-Farra, também sofreu perdas. Ele revelou à Reuters que perdeu 15 familiares nos bombardeios e relatou as dificuldades de escavar os escombros enquanto temia a mira de um tanque próximo.
Nas proximidades, o Hospital Nasser recebeu os mortos, incluindo três crianças no mesmo sudário. A crise se intensificou no Hospital Kamal Adwan, onde, segundo o diretor de enfermagem Eid Sabbah, forças israelenses abriram fogo nas proximidades e posicionaram tanques ao redor. Posteriormente, uma equipe da Organização Mundial da Saúde (OMS) conseguiu transferir 49 pacientes para o Hospital Al-Shifa, na Cidade de Gaza. “Vimos desordem e caos… As enfermarias de emergência (em Kamal Adwan) estavam lotadas, e vimos vários pacientes sendo trazidos e pacientes com traumas horríveis, sobrecarregando completamente a equipe”, relatou Rik Peeperkorn, representante da OMS para o território palestino ocupado em uma atualização sobre a operação.
O exército israelense confirmou operações nas proximidades do hospital, alegando estar em busca de “terroristas e infraestrutura terrorista”. Apesar da retirada temporária, os tanques israelenses voltaram e atingiram o estoque de oxigênio do hospital, antes de ordenar a evacuação do prédio, informou Sabbah.
Com a ofensiva israelense ainda em curso, fontes médicas locais afirmam que pelo menos 800 palestinos já morreram no norte de Gaza nas últimas três semanas. Israel declarou que a retomada dos ataques ao norte da Faixa de Gaza tem como objetivo desmantelar as forças do Hamas, enquanto o braço armado do grupo relatou uma explosão contra um veículo militar israelense em Jabalia. Israel confirmou a morte de três soldados no norte, mas não especificou se ocorreu no mesmo incidente.
Leia também: Hamas apela à Rússia para formação de governo no pós-guerra em Gaza
Siga a gente no Google Notícias