O grupo Hamas quer que a Rússia exerça pressão sobre o presidente da Palestina, Mahmoud Abbas, para iniciar negociações de um governo de unidade nacional para Gaza pós-guerra, disse um alto funcionário do Hamas à agência de notícias estatal RIA após as negociações em Moscou.
Hamas quer intervenção da Rússia no processo político
Mousa Abu Marzouk, membro do comitê executivo do Hamas, expressou a posição em um encontro realizado em Moscou com Mikhail Bogdanov, vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia. Este pedido, segundo a CNN, representa uma tentativa de reconstruir a governança da Faixa de Gaza após anos de divisão e conflitos intensos.
O presidente palestino Mahmoud Abbas, líder da Autoridade Palestina (AP), é visto como um ator fundamental para esse esforço de unificação. No entanto, a relação entre a AP e o Hamas tem sido marcada por tensões históricas. A Autoridade, sob o controle do Fatah, administra partes da Cisjordânia, enquanto o Hamas tem autoridade efetiva sobre a Faixa de Gaza desde 2007, após um conflito armado que resultou na expulsão do Fatah de Gaza.
Papel de Moscou nas negociações de paz
A Rússia, ao longo dos anos, tem buscado desempenhar um papel significativo no processo de paz no Oriente Médio. A presença de representantes do Hamas em Moscou indica a importância geopolítica que este ator internacional possui na mediação de conflitos complexos.
O pedido do Hamas para que a Rússia influencie Abbas reflete a esperança de que Moscou possa atuar como um catalisador para o diálogo entre as partes em conflito.
Esta intervenção russa ganha relevância no contexto da cúpula do Brics em Kazan, da qual Abbas participa. O interesse palestino pode garantir apoio das potências emergentes para pressionar por uma solução pacífica que atenda às demandas de governança e segurança na região.
Portanto, a Rússia detém uma posição estratégica que pode facilitar ou complicar a realização de um governo de coalizão para Gaza.
Os desafios para a criação de um governo de unidade
Estabelecer um governo de unidade entre o Fatah e o Hamas enfrenta inúmeros obstáculos. Primeiramente, as desconfianças mútuas enraizadas por anos de confrontos precisam ser abordadas. Além disso, têm-se as críticas de Israel, cujo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, já se manifestou contra a participação da AP na governança de Gaza. Tal oposição externa pode complicar ainda mais o processo de negociação.
Ainda assim, a criação de um governo de unidade pode ser essencial para a reconstrução da Faixa de Gaza após sucessivos conflitos.
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