Em Seul, capital da Coreia do Sul, um fenômeno silencioso e preocupante tem emergido nas últimas décadas: as chamadas “mortes solitárias” ou godoksa.
Este termo descreve a situação em que indivíduos, principalmente homens de meia-idade, falecem isolados, sem que familiares ou amigos percebam sua ausência imediata. Este fato revela um problema mais profundo de isolamento social que atravessa o país.
Vale destacar que Seul tem cerca de 9,6 milhões de habitantes; destes, mais de 3,7 milhões são compostos por pessoas com mais de 50 anos, entre homens e mulheres. Os dados são do censo oficial de 2020.
As mortes solitárias não são apenas um reflexo de indivíduos vivendo em solidão extrema: são também um alerta para questões mais amplas de saúde mental e resiliência social.
Autoridades de Seul anunciam investimentos
Em resposta, as autoridades de Seul anunciaram nesta semana um investimento em programas que visam combater a solidão através de diversas medidas, desde aconselhamento até intervenções comunitárias. O valor a ser investido alcança 451,3 bilhões de wons (cerca de US$ 327 milhões) nos cinco anos para “criar uma cidade onde ninguém se sinta solitário”.
A solidão e o consequente fenômeno das mortes solitárias não são exclusivos da Coreia do Sul. No entanto, fatores socioculturais únicos ampliam a vulnerabilidade dos sul-coreanos a esse problema. De acordo com especialistas, a cultura coreana valoriza fortemente a interdependência social e o sucesso pessoal, levando muitos a se sentirem inadequados quando não atingem as expectativas impostas pela sociedade, o que alimenta sensações de isolamento.
O aumento de domicílios unipessoais e a crescente onipresença das mídias sociais também desempenham papéis cruciais. As mídias sociais, em particular, criam ambientes de comparação contínua, intensificando sentimentos de insuficiência e solitude. Além disso, o envelhecimento da população e a taxa de natalidade em declínio agravam a sensação de isolamento entre os mais velhos.
Ações do governo para enfrentar a solidão
Consciente da gravidade da situação, o governo sul-coreano tem implantado diversas políticas para enfrentar o problema das mortes solitárias. Uma das principais iniciativas inclui a introdução de uma linha direta disponível 24 horas para aconselhamento em solidão, abrangendo também uma plataforma digital para consultas semelhantes.
Além disso, os planos incluem a criação de espaços comunitários que promovam a interação social através de atividades como jardinagem e esportes. Outro ponto crucial do plano é a identificação proativa de residentes isolados que possam necessitar de suporte imediato, além de promover planos de alimentação saudável para populações vulneráveis.
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