No segundo dia do julgamento dos ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, acusados de executar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, o promotor Eduardo Martins pediu aos jurados a condenação integral dos réus. Ele sustentou que ambos só fizeram delação premiada ao perceberem que seriam incriminados, visando redução de pena em troca das informações.
Martins aproveitou para criticar o pedido de perdão feito por Lessa à família de Marielle, nesta quarta-feira (30). “Que arrependimento é esse com algo em troca? Vocês já pediram arrependimento a alguém e disseram: ‘quero seu perdão se me der alguma coisa em troca’? Porque foi isso que eles fizeram. Eles são réus colaboradores. Eles não vieram e se arrependeram. Eles vieram ao Ministério Público e pediram algo em troca para falar o que falaram“, afirmou o promotor.
Acusação contesta sinceridade do arrependimento no caso Marielle
Martins destacou ainda que, até a delação, ambos negavam qualquer envolvimento no crime. “Até ontem, até outro dia, os dois estavam aqui negando todas as imputações. Negando. ‘Eu não estava no carro’. ‘Não era eu’. ‘Não fui eu’. ‘Eu não tenho motivo para matar’. ‘Eu não conheço essas pessoas’. ‘Eu nunca ouvi falar de Marielle’. ‘Nunca ouvi falar de Anderson’. Então quer arrependimento é esse?”, argumentou.
O promotor também esclareceu que, mesmo após o acordo de delação, os réus precisarão cumprir longos períodos em regime fechado. “O Ministério Público fez um acordo e eles vão cumprir 30 anos de pena. Eles vão cumprir toda a pena máxima da legislação. A única diferença é que eles terão algumas progressões. Mas, é bastante tempo que eles ficarão no regime fechado. esse é um dos acordos mais rígidos do Brasil“.
Para ilustrar as acusações, Martins exibiu slides da investigação, inclusive com o histórico de buscas feitas no Google por Ronnie Lessa antes do crime. Nesse momento, Luyara, filha de Marielle, se retirou do plenário.
O promotor Fábio Vieira, segundo a falar, declarou que o arrependimento de Lessa e Élcio é “uma farsa“. Descrevendo-os como “sociopatas“, Vieira afirmou que ambos são incapazes de sentir empatia ou arrependimento verdadeiro pelo que fizeram. “O que vocês viram ontem no interrogatório dos dois foi uma farsa. Na verdade, eles não estão com sentimento de arrependimento, eles estão com uma tristeza de terem sido pegos”, disse Vieira, reforçando que os réus só confessaram quando as provas contra eles se tornaram irrefutáveis.
Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz foram interrogados nesta quarta-feira no Tribunal do Júri. Durante o depoimento, a postura de Lessa chamou atenção pela frieza ao descrever o crime, incluindo detalhes sobre a execução e a decisão de alvejar Marielle Franco na cabeça, usando uma submetralhadora.
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