“Franceses não apitam mais nada” disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva após a polêmica envolvendo as relações comerciais entre Brasil e França. Lula comentou, nesta quarta-feira (27), pela primeira vez o episódio.
Lula: ‘franceses não apitam mais nada’ sobre acordo Mercosul-UE
Nos últimos anos, as discussões em torno do acordo entre o Mercosul e a União Europeia têm ocupado um lugar central nas agendas econômicas e diplomáticas de diversos países.
O presidente voltou a defender a conclusão do acordo entre o Mercosul e a União Europeia (UE); a negociação entre os blocos se arrasta há décadas. E disse que os franceses, principais opositores do acordo pelo lado europeu, “não apitam mais nada”.
Ele ainda mencionou o agro brasileiro nas negociações. “Eu quero que o agronegócio continue crescendo e causando raiva num deputado francês que, hoje, achincalhou os produtos brasileiros. Porque nós vamos fazer o acordo do Mercosul nem tanto pela questão do dinheiro. Nós vamos fazer porque eu estou há 22 anos nisso e nós vamos fazer”, declarou, segundo informou o g1.
“Se os franceses não quiserem o acordo, eles não apitam mais nada, quem apita é a Comissão Europeia. E a Ursula von der Leyen tem procuração para fazer o acordo, e eu pretendo assinar esse acordo este ano ainda. Tirar isso da minha pauta”, complementou.
Qual é a principal resistência ao acordo Mercosul-União Europeia?
A resistência ao acordo por parte de alguns países europeus, particularmente a França, está ligada a preocupações com a concorrência desleal em setores estratégicos, como o agrícola.
Produtores franceses temem que os produtos do Mercosul, notadamente as carnes brasileiras, inundem o mercado europeu com preços mais baixos, prejudicando suas vendas.
Esse temor foi recentemente exacerbado por uma polêmica envolvendo a rede de supermercados Carrefour, que anunciou inicialmente a suspensão de compras de carne do Mercosul, decisão que acabou sendo revertida.
A sessão simbólica na Assembleia Nacional da França, onde o acordo foi majoritariamente rejeitado, reflete esse ambiente de resistência.
Embora tais receios sejam legítimos do ponto de vista dos produtores europeus, Lula e outros líderes do Mercosul argumentam que o acordo beneficiaria ambas as regiões ao promover trocas comerciais mais fluidas e diversificadas.
Como o Brasil está buscando expandir seus mercados?
Além das negociações com a União Europeia, o Brasil está empenhado em diversificar seus mercados de exportação. Lula anunciou planos para viagens ao Japão e ao Vietnã em 2025, visando estreitar laços comerciais com essas economias asiáticas.
Estados Unidos
O presidente também afirmou que pretende fortalecer a economia brasileira sem “brigar” com os Estados Unidos. A partir de janeiro, Donald Trump voltará a governar o país e promete uma política protecionista.
Eu quero que o agronegócio brasileiro continue inovando em tecnologia e crescendo e causando raiva aos deputados franceses que se irritam com isso. E eu quero assinar o acordo entre a União Europeia e o Mercosul porque já estamos discutindo isso faz 22 anos.
— Lula (@LulaOficial) November 27, 2024
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