fortes críticas

Javier Milei: ‘Mercosul é uma prisão para os países’

Milei garantiu sua participação no G20 que ocorrerá em novembro no Brasil. A confirmação veio através de uma carta dirigida a Lula.
O presidente da Argentina, Javier Milei – Crédito: Reprodução

O presidente da Argentina, Javier Milei, tomou posse nesta sexta-feira (6) como presidente pro tempore do Mercosul durante a cúpula de chefes de Estado em Montevidéu. No discurso, Milei não poupou críticas ao bloco econômico, chamando-o de “uma prisão que não permite que os países membros possam aproveitar nem suas vantagens comparativas, nem seu potencial exportador”.

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O líder argentino afirmou que se pronunciava mais como economista do que como presidente e apontou falhas que, segundo ele, impedem o crescimento dos países-membros. A Tarifa Externa Comum (TEC), que regula as importações de fora do bloco, foi alvo de ataques diretos. “A rigidez da TEC e outras inumeráveis barreiras não tarifárias, que inventamos ao longo dos anos, tanto para o comércio dentro do Mercosul como com o mundo, estão deterioradas”, disse Milei. Ele ainda destacou que “nos consolidarmos num bloco comum não apenas não nos fez crescer, mas também nos prejudicou, enquanto vizinhos como Chile e Peru se abriram ao mundo”.

O Mercosul limita as ambições de Milei?

Milei demonstrou entusiasmo com a possibilidade de negociar um acordo bilateral com os Estados Unidos após a posse de Donald Trump, prevista para janeiro. Contudo, a regra de negociação “quatro mais um” do Mercosul impede que países-membros fechem tratados individuais, exigindo que as negociações sejam conduzidas em conjunto.

Enquanto o resto do mundo se expandia, nós dissemos que não aos Estados Unidos, que oferecia um acordo de livre comércio com todo o continente [em referência à proposta de criar uma Área de Livre Comércio das Américas, a Alca, enterrada numa cúpula presidencial na Argentina, em 2005]. Mas essa besteira, fantasiada de nacionalismo, custou caríssimo para nossos povos”, afirmou Milei.

Fontes do governo argentino confirmaram que o presidente discutiu a possibilidade de um acordo direto com Trump durante uma reunião em Mar-a-Lago, na Flórida. Esse objetivo, segundo interlocutores, é uma das principais metas da política externa de Milei para 2025.

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Reação de Brasília

O governo Lula, por sua vez, acompanha a situação com cautela. Para fontes brasileiras, consultadas pelo O Globo, a confiança de Milei em um acordo rápido com Trump é vista como um “momento de ingênua ilusão”. A avaliação é de que, com um histórico de imposições tarifárias até mesmo a aliados como Canadá e México, Trump dificilmente oferecerá vantagens substanciais à Argentina.

Diplomatas brasileiros reforçaram que a negociação conjunta é um dos pilares do Mercosul. “O Brasil é um dos grandes defensores da negociação conjunta desde sempre. Esse é um dos principais do mercado comum e da união aduaneira”, afirmou uma fonte ligada à diplomacia ao O Globo.

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