Elza Maria Zawadzki, 57 anos, é uma das pacientes do Hospital Marcelino Champagnat, em Curitiba, a utilizar o Helmet, uma cápsula respiratória que é vista como uma nova aliada para melhorar a oxigenação dos pacientes. Mais confortáveis que as máscaras de oxigênio habituais, que ficam encostadas na pele, o equipamento funciona como um capacete com filtros e exaustão antivirais e antibacterianos, que promovem a renovação do ar e criam uma pressão positiva para o paciente, que fica dentro da cápsula.
“O aumento da demanda dos pacientes graves da Covid-19 chegou a um patamar que alguns hospitais já não possuem mais respiradores, então ele serve como um backup para economizarmos e utilizarmos os ventiladores para pacientes intubados”, explica o intensivista e coordenador médico da UTI, Jarbas da Silva Motta Junior.
A técnica faz uso de dois mecanismos para aumentar o grau de proteção pulmonar. O primeiro é o cateter nasal de alto fluxo, que injeta constantemente ar umidificado a 100% pelas narinas para lavagem da área afetada do pulmão e remove as moléculas de gás carbônico a cada expiração. Isso provoca alívio na sensação de falta de ar e diminui o trabalho dos músculos inspiratórios. O segundo mecanismo é quando o capacete é conectado a um ventilador mecânico. Ele resulta em uma pressão constante das vias aéreas superiores, fazendo com que o paciente consiga respirar melhor.
“Quando acoplamos a uma válvula de PEEP – que gera uma pressão no pulmão – e também ao oxigênio, conseguimos pressurizar a via aérea do paciente, como fazemos na ventilação não invasiva. No entanto, nesse modelo isentamos o uso do ventilador mecânico e conseguimos diminuir o processo inflamatório nas vias aéreas causadas pelo próprio esforço respiratório durante a fase da doença”, frisa a fisioterapeuta e coordenadora da do serviço de fisioterapia na UTI do Hospital Marcelino Champagnat, Juliana Thiemy Librelato.
Outro ganho para o paciente está no conforto, já que o capacete permite a mobilidade do pescoço, sem apertar ou encostar no rosto, e ainda diminui os riscos para a equipe de saúde.
O Helmet é fixado na cabeça por duas alças de polipropileno com fechos ajustáveis e neoprene. Sua interface conta com duas válvulas para conexões dos circuitos de fluxo inspiratório e/ou expiratório. Próximo à boca do paciente, há uma válvula de alimentação que permite tanto o fornecimento de líquidos, quanto a alimentação por sonda.
“O paciente fica muito mais confortável, consegue realizar melhor os exercícios de fisioterapia tão importantes para fortalecimento dos pulmões e, ao mesmo tempo, os riscos de contaminação da equipe diminuem já que impossibilita que as gotículas respiratórias saiam da cápsula”, frisa a fisioterapeuta.