Nissan e seu processo para recuperar 98% das terras raras em motores elétricos

Em conjunto com uma universidade, a marca japonesa está explorando soluções para resgatar quase todos os minerais usados nos ímãs de propelentes eletrificados. Do que se trata?

Nissan e seu processo para recuperar 98% das terras raras em motores elétricos
(Crédito: Canva fotos)

A indústria automotiva vem promovendo a produção de carros e motores elétricos como uma solução para reduzir as emissões de carbono e, assim, enfrentar as mudanças climáticas.

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Aos poucos, os principais mercados do mundo estão se abrindo para esse tipo de alternativas de mobilidade. De acordo com relatório da Agência Internacional de Energia (IEA), o índice atual de vendas de carros elétricos gira em torno de 7% do mercado mundial.

Porém, a fabricação desse tipo de veículo requer insumos naturais não necessariamente abundantes. A maioria dos motores de carros elétricos usa ímãs que contêm poucos metais de terras raras, como neodímio e disprósio.

Reduzir o uso de terras raras escassas é importante não apenas por causa do impacto ambiental da mineração e do refino, mas também porque a mudança no equilíbrio entre oferta e demanda leva a flutuações de preços para fabricantes e consumidores.

É precisamente neste ponto que a Nissan e a Universidade de Waseda (Japão) iniciaram um processo de reciclagem inédito desenvolvido em conjunto, que recupera de forma eficiente compostos de terras raras com elevada pureza, a partir dos ímanes dos motores: o teste visa permitir a aplicação prática de o novo processo em meados da década de 2020.

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Como funciona o processo de reciclagem?

Basicamente, no laboratório das equipes de trabalho da Nissan e da Universidade Waseda, um material de cementação e ferro-gusa são adicionados ao motor, que é aquecido a pelo menos 1.400° C e começa a derreter.

O óxido de ferro é adicionado para corroer as terras raras (REE) na mistura fundida. Uma pequena quantidade de fluxo à base de borato é adicionada à mistura fundida, que é capaz de dissolver óxidos de terras raras mesmo em baixas temperaturas e se recuperar com alta eficiência.

A mistura fundida se separa em duas camadas líquidas, com o óxido fundido (escória) contendo os REEs flutuando na parte superior e a camada de liga de ferro-carbono de alta densidade (Fe-C) na parte inferior. Os REEs são então recuperados da escória.

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De acordo com a Nissan, os testes mostraram que esse processo pode recuperar 98% do REE dos motores. Este método também reduz o tempo de trabalho em cerca de 50 por cento em comparação com o método atual porque não é necessário desmagnetizar os ímãs ou removê-los e desmontá-los.

No futuro, Waseda e Nissan continuarão seus testes em instalações de grande escala com o objetivo de desenvolver aplicações práticas, e a Nissan irá coletar motores de veículos eletrificados que estão sendo reciclados e continuar a desenvolver seu sistema de reciclagem.

*Texto publicado originalmente no site Parabrisas, da Editora Perfil Argentina.

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