CANCELAMENTO

Banda norueguesa tem show suspenso no DF por “práticas discriminatórias”

A suspensão do show foi recomendada pelo Ministério Público Federal (MPF) e pelo Ministério Público do DF (MPDFT).

Banda norueguesa têm show suspenso no DF por "práticas discriminatórias"
A banda negou as acusações e disse ao g1 que a Mayhem não tolera “crimes de ódio” (Crédito: Reprodução/Wikimedia Commons)

Na noite desta quarta-feira (22) estava marcado o show de uma banda norueguesa de black metal, chamada Mayhem, no Toinha Brasil Show, no Guará, no Distrito Federal. Entretanto, a apresentação foi cancelada horas antes do horário marcado.

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Segundo o g1, a suspensão do show foi recomendada pelo Ministério Público Federal (MPF) e pelo Ministério Público do DF (MPDFT), por supostas “práticas discriminatórias”.

Um homem, que não foi identificado, anunciou o cancelamento pelas redes sociais: “Estou dizendo com o coração partido, porque, além de fã da banda, batalhei muito. A gente tentou em todas as instâncias federais, no TJDF, na promotoria e, infelizmente, é isso. Sou informador de más notícias, queria ser de boas notícias”.

O homem também disse que o local ainda ficaria aberto para quem quisesse permanecer. Não há informações sobre o reembolso dos ingressos. Até as 19 horas desta quarta (22), o show estava confirmado. “O show da banda Mayhem está autorizado e confirmado em Brasília. Hoje a banda promete uma noite histórica na capital”, disse casa de shows Toinha Brasil Show, nas redes sociais.

Na manhã do evento, os ingressos estavam sendo vendidos entre R$ 150 e R$ 360. Enquanto por volta do horário da apresentação, marcada para 21h30, a entrada estava R$ 200.

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A recomendação

O MPF e o MPDFT, além de recomendarem que o show não acontecesse, solicitaram que a venda dos ingressos fosse suspensa pela casa de shows.

“Há evidências de que integrantes e ex-integrantes da banda estão envolvidos com apologias neonazistas, suicídio, canibalismo e assassinato, além de diversos tipos de violências e discriminações, incluindo queima de igrejas, referências à extrema violência, incitação à mutilação, declarações racistas e antissemitas, entre outros”, afirmou a recomendação, que foi assinada por promotores.

O documento pedindo o cancelamento foi enviado para a Administração Regional do Guará, para a Secretaria de Segurança Pública e para as empresas envolvidas na produção do evento.

No texto, os promotores afirmaram que a liberdade de expressão “tem relevante papel no Estado Democrático de Direito”, entretanto, não pode implicar “na aceitação jurídica da promoção de discurso de ódio e/ou do ataque, em espaço público ou privado, de qualquer indivíduo, grupo ou coletividade”.

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O MPDFT afirmou que foi acionado por representantes de movimentos sociais que lutam contra o racismo e o antissemitismo na quinta-feira (16). Então, o MPF foi consultado para expedir a recomendação conjunta, “tendo em vista a gravidade dos fatos noticiados e a inadmissibilidade da realização desse tipo de evento no Distrito Federal ou em qualquer lugar do mundo”.

Declaração da banda

Entretanto, a banda negou as acusações e disse ao g1 que a Mayhem não tolera “crimes de ódio”. O grupo também disse que é “uma entidade apolítica com milhares de fãs em todo o mundo, de todos os tipos de origens e com todos os tipos de crenças, ideias e preferências”.

Além disso, eles afirmaram que “nem a banda, nem nenhum de seus membros toleram racismo, nazismo, homofobia ou qualquer outro ‘crime de ódio’. Embora algumas declarações contrárias tenham circulado no passado por membros individuais, isso está longe, no passado, e também nunca foi uma forma de postura oficial da banda”.

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Por fim, declararam que “qualquer forma de julgamento baseado apenas no histórico de uma pessoa, cor da pele, preferência sexual ou qualquer outra coisa sobre a qual ela não possa ter controle é um ato de fraqueza e é rejeitado pela banda”.

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