Bolsonaro diz que Enem teve “questão de ideologia” e nega interferência na prova

Segundo dia de aplicação do exame acontece no próximo domingo, 28 de novembro

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Presidente Jair Bolsonaro (Crédito: Andressa Anholete/ Getty Images)

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira (22) que “ainda” teve “questão de ideologia” no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), negando ter interferido na elaboração da prova. Ele acrescentou que se ele e o ministro da Educação, Milton Ribeiro, pudessem intervir, isso não teria acontecido.

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Bolsonaro não especificou a questão criticada em declaração durante conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, residência oficial. 

“Estão acusando aí o ministro Milton [Ribeiro, da Educação] de ter interferido na elaboração das provas. Olha, se ele tivesse essa capacidade e eu, não teria nenhuma questão de ideologia neste Enem agora, que teve ainda”, declarou Bolsonaro.

O presidente ainda fez referência indireta a uma questão do exame de 2018. Na ocasião, Bolsonaro criticou uma pergunta que trazia pajubá como “dialeto secreto” entre gays e travestis.

“Você é obrigado a aproveitar banco de dados de anos anteriores, você é obrigado a aproveitar isso aí. Agora, dá para mudar? Já está mudando. Vocês não viram mais a linguagem de tal tipo de gente, com tal perfil. Não existe isso aí”, acrescentou o presidente.

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Primeiro dia do Enem

O primeiro dia de provas teve questões com trecho da música “Admirável Gado Novo”, do cantor Zé Ramalho, e a presença de temas como racismo, escravidão e questão indígena.

Os candidatos tiveram de responder a 90 questões de múltipla escolha e fazer a redação, única parte discursiva e uma das etapas do Enem, que teve como tema “invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil”. 

Anualmente, as provas do Enem são elaboradas com 180 questões. Todas as perguntas são escolhidas pela equipe técnica do Inep e retiradas do Banco Nacional de Itens, formado por milhares de questões redigidas por professores escolhidos por edital. 

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Instabilidade no Inep

A instabilidade no órgão responsável pelo Enem veio a público na após os pedidos de demissão de 37 funcionários. Na ocasião, os servidores do Inep afirmaram ter sofrido pressão psicológica e haver um “clima de insegurança e medo” promovido pela atual gestão. 

Entre as denúncias, os funcionários do Inep ainda declararam haver vigilância velada na formulação do Enem, para que evitassem colocar na prova questões polêmicas que poderiam incomodar o governo Bolsonaro.

Na Câmara dos Deputados, Milton Ribeiro negou qualquer interferência ideológica na montagem da prova.

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