Após quase 70 dias de investigações, a polícia prendeu nesta quinta-feira (16) o cabo da Polícia Militar Denis Antonio Martins, apontado como o autor dos disparos que mataram Antônio Vinícius Gritzbach, empresário e delator do PCC, no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. A operação, que ainda busca outros suspeitos, envolveu 15 policiais militares, incluindo um aposentado, e é considerada uma das maiores ações recentes contra a infiltração de forças de segurança em atividades criminosas.
De acordo com as autoridades, os policiais detidos foram alvo de mandados de prisão e busca em diferentes localidades, como parte de uma investigação que vinha sendo conduzida desde março de 2024. O cabo preso foi identificado graças à análise de imagens de câmeras de segurança, que mostraram sua postura e habilidade com o fuzil, características típicas de treinamento militar.
Os detidos são suspeitos de integrar uma milícia ligada ao PCC, que atuava sob ordens diretas da facção criminosa. A Corregedoria da PM informou que o grupo prestava apoio logístico aos criminosos, repassando informações privilegiadas sobre operações policiais e protegendo interesses da organização. A expectativa é que todos os envolvidos sejam transferidos para o presídio Romão Gomes, localizado na zona norte de São Paulo, que é exclusivo para membros das forças de segurança.
Qual era o papel dos PMs na milícia ligada ao PCC?
As investigações apontam que o grupo não apenas atuava como braço logístico, mas também executava serviços específicos para o PCC, incluindo escoltas clandestinas e até execuções a mando da facção. A relação entre os policiais e os criminosos ficou ainda mais evidente após o assassinato de Gritzbach. O empresário e delator colaborava com o Ministério Público e havia fornecido informações que poderiam comprometer integrantes da facção e agentes públicos.
No dia do crime, Gritzbach estava sob escolta ilegal de policiais militares quando foi morto no estacionamento do aeroporto. Dois homens desceram de um carro e dispararam contra ele, em plena luz do dia. O uso preciso do fuzil e a coordenação no ataque sugeriram desde o início que o autor dos disparos tinha treinamento militar.
Mesmo os policiais que realizavam a escolta irregular, ainda que sem envolvimento direto na execução, foram incluídos na operação. Fontes da Polícia Militar indicaram à CNN que, além de responderem criminalmente, os agentes deverão ser expulsos da corporação por atuarem como seguranças de um criminoso confesso, algo que contraria diretamente os códigos internos da PM.
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