Nesta terça-feira (27), Ronnie Lessa, ex-policial militar, acusou os réus do caso do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes de serem “pessoas de alta periculosidade“. Lessa, réu confesso e delator, participou de um depoimento virtual no Supremo Tribunal Federal (STF), que analisa a possível condenação dos irmãos Brazão e outros acusados.
Detido na penitenciária de Tremembé, em São Paulo, Lessa prestou depoimento por videoconferência ao juiz auxiliar do gabinete do ministro Alexandre de Moraes. Ele foi convocado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para fornecer informações cruciais sobre o caso.
Quem são os principais acusados no caso Marielle Franco?
No processo judicial, entre os réus estão figuras conhecidas: Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ); seu irmão, Chiquinho Brazão, deputado federal sem partido (RJ); o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa; e o major da Polícia Militar, Ronald Paulo de Alves Pereira. Todos enfrentam acusações graves de homicídio e organização criminosa.
O depoimento de Lessa trouxe à tona detalhes sobre os motivos que levaram ao assassinato de Marielle. Segundo Lessa, os irmãos Brazão a consideravam um obstáculo para seus negócios de loteamento ilegal na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Em uma reunião, os réus teriam comentado: “Ela [Marielle] vai arrumar problema. Vai combater os condomínios e, quando souber que é nosso, vai piorar.”
Lessa também revelou que os irmãos Brazão possuíam fortes ligações com a Polícia Civil do Rio e se gabavam de ter “a polícia na mão“. Eles demonstravam um respeito especial ao mencionar o nome de Rivaldo Barbosa, indicando sua importância e participação no esquema.
Quais são as provas contra os réus?
Além das declarações de Lessa, o processo inclui diversas evidências contra os réus. Os irmãos Brazão são apontados como mandantes do crime, enquanto Rivaldo Barbosa e Ronald Paulo de Alves Pereira são acusados de facilitarem o homicídio e atrapalharem as investigações.
Lessa admitiu que aceitou participar do crime por motivo de ganância, pois os irmãos Brazão lhe prometeram vantagens significativas, como terrenos de alto valor monetário. “Eu estou arrependido. Fiz por ganância. Vou pagar pelo que fiz,” afirmou Lessa.