Diversos cidadãos espalhados pelas 27 capitais do país foram às ruas nesta quinta-feira (11) para reafirmar o desejo de permanecer em um Brasil onde haja democracia. O ato organizado por estudantes e centrais sindicais tinha como base a “Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em defesa do Estado democrático de Direito”, manifesto redigido por representantes da Faculdade de Direito da USP e de outras instituições da sociedade civil, que já conta com mais de um milhão de assinaturas.
Volto pessimista do ato no Largo S. Francisco. Pouquíssima gente, média de idade, a minha, pouquíssimos jovens, os mesmos intelectuais de ideias mofadas de sempre e zero vibração. Se uma causa dessa gravidade não empolga a esta altura é pq a democracia sangra e Bozo periga ganhar pic.twitter.com/o1gyc8YFHQ
— Barbara Gancia (@barbaragancia) August 11, 2022
A jornalista Barbara Gancia acompanhou as manifestações em São Paulo e disse que voltou “pessimista” depois do que viu. Barbara, ao sentir-se desanimada pela falta de gente, pela falta de energia e de ideias novas, acendeu um debate que agora toma conta dos internautas mais interessados em política. Será mesmo que a nossa jovem democracia sangra e periga tombar?
Essa é uma pergunta muito sensível e não tem uma resposta simples. Porém, é preciso discuti-la enquanto é tempo.
O presidente da República, Jair Bolsonaro (PL),levanta dúvidas quanto à segurança do sistema eleitoral brasileiro, mesmo não apresentando nenhuma prova de irregularidade. Assim como a imprensa brasileira, a internacional também repercute, com tom de preocupação, as declarações do presidente brasileiro.
O Clarin, principal conglomerado de mídia da Argentina, foi direto: “Brasil se mobiliza em defesa da democracia e desafia Bolsonaro”. O jornal britânico The Guardian também noticiou: “Manifesto de cidadãos declara que democracia brasileira enfrenta ‘imenso perigo'”. A rede estadunidense ABC veiculou que, assim como o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, Bolsonaro estaria tentando “apegar-se ao poder”. O francês Le Figaro cita o “aviso sério do povo brasileiro” para Bolsonaro.
A percepção da mídia internacional e de Barbara podem correr paralelamente, mas nem todos enxergam a mesma situação.
Entre retweets e comentários no post da jornalista, encontramos também quem entenda e aprove as acusações de Bolsonaro. É o caso de Ricardo Salles, ex-ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro, que afirma a vitória de seu candidato nas eleições de 2022 com um “já ganhou”. Roger Rocha Moreira, bolsonarista e vocalista da banda Ultraje a Rigor, apenas debochou com uma risada “kkkkk”.
Por outro lado, entres os comentários também aparecem figuras importantes da corrida presidencial. O candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), acredita que a manutenção da democracia no Brasil é fator determinante para a dignidade do povo.
A democracia vai restabelecer a dignidade nesse país. Muito respeito às instituições, muita conversa com a sociedade brasileira. É preciso envolver o povo na tomada de decisões. É assim que queremos recuperar o Brasil. Boa noite.
— Lula (@LulaOficial) August 12, 2022
O deputado federal André Janones (Avante) corrobora com a ideia democrática e reafirma a necessidade do diálogo direto com o trabalhador brasileiro após a liberação do auxílio de R$ 600:
Pesquisa de hoje aqui em MG: diferença entre Lula e Bolsonaro cai de 18 pra 9, com apenas 2 dias de auxílio em R$600,00. Ou a esquerda senta no chão da fábrica pra conversar com os operários ou já era. Detalhe:o chão da fábrica atualmente, são as redes sociais, em especial o Face
— André Janones (@AndreJanonesAdv) August 12, 2022
Contudo, o estado de anomia descrito pelo sociólogo francês Émile Durkheim calça como uma luva no horizonte brasileiro. O estado de anomia significa também a falta da confiança de um povo em suas instituições, o que pode representar um ruir das normas sociais. Resta agora tentar responder esta questão tão sensível: Você confia em seu Estado?
*Por João Lima com supervisão de Lilian Coelho