Cinco anos depois do incêndio que destruiu o Museu Nacional, ainda faltam R$ 180 milhões para sua reconstrução. O orçamento preliminar estimado pelo Projeto Museu Nacional Vive é de R$ 445 milhões, sem considerar o acervo. Deste total, já foram captados R$ 265,3 milhões, o que equivale a 60% da meta. Até 80% dos 20 milhões de exemplares do museu foram afetados pelo incêndio.
A fachada principal do Paço de São Cristóvão foi inteiramente restaurada. Neste momento, as obras estão ocorrendo nos blocos 2 e 3 do Palácio, contemplando serviços como proteção dos elementos que sobreviveram ao incêndio; proteção das escavações e prospecções arqueológicas; construção e impermeabilização de lajes de coberturas; regeneração de todas as alvenarias remanescentes. Em meados de 2024, está prevista a abertura da sala do meteorito Bendegó e da escadaria monumental no palácio histórico. A previsão da reabertura total do museu é 2028.
“A gente não quer fazer um museu igual ao que era. Queremos fazer um museu moderno, sustentável que promova o diálogo com a sociedade”, disse o professor Alexander Kellner, diretor da instituição. “O Museu Nacional, para ser reconstruído, precisa da sociedade. Por outro lado, temos a convicção de que a sociedade precisa do seu Museu Nacional de volta o quanto antes”.
O Museu Nacional recebeu doação do povo Karajá de peças de sua cultura para ajudar na recomposição do acervo, perdido no incêndio de 2018. O cacique tradicional e pajé Sokrowé Karajá, da aldeia Santa Isabel do Morro, na Ilha do Bananal, em Tocantins, responsável pela doação, vai participar de roda de conversa no Festival Museu Nacional Vive.
O cacique já doou uma faca de ritual talhada em uma única peça de madeira, decorada com penas e plumas de pássaros, uma panela de cerâmica para ritual e um banco. Dessa vez, ele trouxe um cocar usado em festas e braceletes. “São objetos meus que estou entregando de coração de presente para o museu”, disse Sokrowé.
O historiador Crenivaldo Veloso, do setor de etnologia e etnografia do Museu Nacional, explicou que a principal proposta de reconstituição do acervo é estabelecer parcerias com as comunidades de origem dos materiais.
“A grande diferença é que as comunidades que produzem essas peças estão participando das escolhas, indicando quais peças devem ser enviadas para a instituição, quais narrativas podem ser apresentadas nas futuras exposições. Não tratamos como doação. Temos tratado essa experiência como compartilhamento porque eles estão compartilhando conosco suas histórias, memórias, ancestralidades”, disse Veloso.
Como as coordenadoras enfatizaram, foi muito trabalho, mas também muita diversão e um grande sentimento de realização.
Parabéns a todas que se envolveram com o projeto. Em breve, tem mais!
Alexander W. A. Kellner
Diretor do Museu Nacional/UFRJ— Museu Nacional/UFRJ (@MuseuNacional) August 27, 2023