NEGOCIAÇÕES

Silvio Santos propõe vender terreno para o Parque Bixiga por R$ 80 mi à Prefeitura de SP

O ofício, assinado pelo presidente do grupo, José Roberto dos Santos Maciel, foi enviado ao prefeito Ricardo Nunes (MDB)

Prefeitura de SP fecha acordo sobre área para Parque do Rio Bixiga
Grupo Sílvio Santos vende área por R$ 64 milhões – Crédito: Divulgação

O Grupo Silvio Santos apresentou à Prefeitura de São Paulo uma proposta para a venda do terreno destinado à construção do Parque do Rio Bixiga, ao lado do Teatro Oficina, localizado no Centro da capital paulista, por um valor total de R$ 80 milhões. O ofício, assinado pelo presidente do grupo, José Roberto dos Santos Maciel, foi enviado ao prefeito Ricardo Nunes (MDB).

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No entanto, a quantia proposta está consideravelmente acima do valor estipulado pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e pela própria gestão municipal. Em dezembro do ano passado, o MP-SP anunciou a alocação de R$ 51 milhões para o futuro parque, provenientes de um acordo com a Universidade Nove de Julho (Uninove), que se comprometeu a destinar cerca de R$ 1 bilhão para evitar um processo por suspeita de pagamento de propina.

Ricardo Nunes afirmou à reportagem que buscou uma negociação amigável com o Grupo Silvio Santos, visando adquirir o terreno sem a necessidade de recorrer à judicialização do processo. A proposta do atual proprietário será avaliada e encaminhada ao Departamento de Desapropriações da Procuradoria Geral do Município para análise.

O promotor Silvio Marques, da Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social da Capital, responsável pelo acordo com a Uninove, também se manifestou sobre o assunto. Ao g1, ele afirmou que solicitará à prefeitura a avaliação dos imóveis. Para ele, o valor de R$ 80 milhões está consideravelmente acima da indenização estipulada para o terreno de 12 mil metros quadrados.

A disputa pelo terreno é antiga

O terreno tem sido objeto de disputa entre Zé Celso, fundador do Teatro Oficina Uzyna Uzona, e o Grupo Silvio Santos por anos. Proprietário desde a década de 80, o grupo planejava construir três prédios de até 100 metros de altura. Zé Celso argumentava que isso prejudicaria as atividades culturais do teatro e desconfiguraria o projeto da renomada arquiteta Lina Bo Bardi.

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Silvio Santos e Zé Celso perticipavam de diversas reuniões com a Prefeitura de SP para tratar sobre o terreno – Crédito: Reprodução / Youtube

O Teatro Oficina foi tombado pelo Iphan, o que estabelece diretrizes para sua preservação. Apesar das tentativas de resolver o impasse entre Zé Celso e Silvio Santos ao longo dos anos, o dramaturgo faleceu em um incêndio no ano passado sem ver o seu desejo de transformar o local em um parque concretizado.

Em comunicado divulgado à imprensa na última quinta-feira (4), o presidente do grupo explica que: “Nossa preocupação é e sempre foi, sobretudo, assegurar que o empreendimento, além da geração de empregos, trará enormes benefícios a seu entorno ao oferecer um padrão de moradia digno; ao levar em conta a acessibilidade urbana; a revitalização de seu entorno; a oferta de serviços que atenderão a população local; e o respeito aos que lá fazem divisa com o empreendimento”.

Envolvimento da Uninove

Em 2013, a máfia dos fiscais foi descoberta, revelando que a Uninove teria pago propina a agentes da prefeitura para evitar fiscalizações. Para evitar processos cíveis, a Uninove colaborou com as investigações. Agora, em um acordo, a instituição concordou em pagar mais de R$ 1 bilhão em indenizações ao ceder um prédio para a Secretaria Municipal da Saúde e um hospital. Isso, além de transferir um imóvel ao patrimônio público e construir um edifício para um Cartório Eleitoral.

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O MP destacou que um dos principais motivos que levaram a essa negociação foi a importância dos serviços de saúde prestados pela universidade à população durante a pandemia de Covid-19. O acordo é considerado o maior indenizatório da história do Ministério Público de São Paulo, uma década após a revelação do escândalo, que começou com uma investigação da Controladoria do Município durante a gestão de Fernando Haddad.

*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini

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