No mundo automotivo, a evolução tecnológica busca equilibrar eficiência, durabilidade e custo-benefício. Um exemplo dessa busca é a introdução das correias dentadas banhadas a óleo, que prometem uma vida útil superior, comparando-se até mesmo às tradicionais correntes metálicas de comando. Contudo, essa inovação enfrenta desafios únicos, especialmente em mercados como o brasileiro.
As correias dentadas comuns, apesar de leves e silenciosas, requerem substituição entre 60.000 e 100.000 km. Já as correntes metálicas de comando, conhecidas pela resistência, podem durar mais de 200.000 km, porém são mais pesadas e produzem mais ruído. A tecnologia das correias banhadas a óleo busca unir o melhor dos dois mundos, oferecendo uma durabilidade de até 240.000 km ou 15 anos, mantidas em contato contínuo com o óleo do motor, o que amplia sua longevidade.
Por que os brasileiros estão hesitantes com essa tecnologia?
Embora a ideia tenha sido introduzida para reduzir preocupações com a troca prematura das correias, especialmente para os primeiros proprietários dos veículos, a realidade prática no Brasil tem mostrado algumas dificuldades. A chave para o sucesso das correias dentadas banhadas a óleo está na correta especificação do óleo lubrificante. Para prevenir a corrosão e aumentar a durabilidade, aditivos específicos devem ser utilizados, conforme orientações dos fabricantes.
No entanto, na prática, muitos proprietários ou mecânicos tratam a escolha do óleo apenas pela viscosidade, ignorando outras especificações cruciales como normas SAE e aprovações específicas do fabricante. Essa prática, comum em motores mais antigos, resulta em problemas significativos quando aplicada aos veículos modernos.
Quais fabricantes adotaram essa tecnologia?
- Ford: Introduziu as correias banhadas a óleo em 2015 nos modelos Ka e EcoSport, motores 1.0 e 1.5.
- Peugeot e Citroën: Utilizaram em modelos 1.2 Puretech como o 208 e o C3, alcançando durabilidade de 80.000 km.
- Chevrolet: Implementou nos motores da família CSS, como o Onix e Onix Plus, com expectativa de até 240.000 km.
Qual é o impacto da manutenção incorreta?
A manutenção inadequada, especialmente em veículos vendidos a locadoras, contribui significativamente para os problemas enfrentados. As locadoras costumam fazer manutenção preventiva de baixo custo, não necessariamente em concessionárias autorizadas, e isso pode implicar no uso de óleos não recomendados. Como estes veículos são frequentemente vendidos dentro dos 50.000 km, os problemas começam a aparecer apenas quando atingem o mercado de usados.
Além disso, uma correia banhada a óleo que falha muitas vezes não “estoura” como uma correia convencional. Ao invés disso, ela pode começar a desfiar ou esfarelar, o que geralmente bloqueia dutos de óleo, a bomba de óleo ou o pescador do cárter. Esse bloqueio impede a circulação de lubrificante e pode levar a falhas catastróficas do motor.
Como garantir a longevidade das correias banhadas a óleo?
A principal recomendação é seguir rigorosamente o plano de manutenção proposto pelo fabricante e utilizar sempre os óleos com as especificações corretamente indicadas no manual. Para quem adquire veículos usados com essas características, é prudente considerar revisões profundas e, se necessário, antecipar a substituição de componentes críticos como a correia, o filtro e a bomba de óleo.
Os resultados de testes de longa duração mostram que, quando seguidos todos os procedimentos corretamente, os problemas são praticamente inexistentes. Portanto, a conscientização sobre a manutenção adequada é o passo crucial para desbloquear o potencial total desta tecnologia inovadora no mercado automotivo.
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