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‘Aranhas de Marte’ são recriadas em laboratório por cientistas

O que torna estas “aranhas” intrigantes é o processo de formação, que envolve gelo de dióxido de carbono

As Aranhas de Marte são um fenômeno fascinante que os cientistas ainda estão tentando compreender completamente
As Aranhas de Marte são um fenômeno fascinante que os cientistas ainda estão tentando compreender completamente – Crédito: NASA / JPL-Caltech

A superfície de Marte é um lugar fascinante e misterioso, repleto de formações geológicas únicas. Uma dessas formações, conhecida como “terreno araneiforme“, chamou a atenção dos cientistas por suas características peculiares. Essas formações podem se estender por mais de um quilômetro, com múltiplas “pernas” finas que dão à superfície uma aparência enrugada e estranha.

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O que torna estas “aranhas” ainda mais intrigantes é o processo de formação, que envolve gelo de dióxido de carbono, um fenômeno que não ocorre naturalmente aqui na Terra. Recentemente, cientistas conseguiram recriar, em laboratório, esses processos sob temperaturas e pressões que simulam as condições marcianas, proporcionando novas compreensões sobre este fenômeno extraterrestre.

Como se formam as Aranhas de Marte?

A teoria predominante para a formação das aranhas de Marte é explicada pelo “modelo de Kieffer“. Segundo este modelo, o fenômeno tem início no inverno marciano, quando o gelo de dióxido de carbono se acumula na superfície do planeta. Durante esse período, a luz solar aquecida penetra através das transparentes placas de gelo, aquecendo o solo marciano abaixo.

Este solo, sendo mais escuro do que o gelo, absorve calor, causando a sublimação do gelo, ou seja, o gelo se transforma diretamente em gás sem passar pelo estado líquido. Esse gás pressurizado se infiltra pelas fraturas no gelo, levando consigo poeira e areia que acabam formando as marcas “araneiformes” quando o gelo sublima completamente na primavera.

O que acontece durante a primavera em Marte?

Na transição do inverno para a primavera em Marte, o gelo de dióxido de carbono começa a sublimar devido ao aumento da temperatura. Isso provoca uma série de pequenas erupções de gás e material particulado, criando as características formações que vemos na superfície do planeta.

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Simular as condições de Marte é um desafio e tanto. A pressão atmosférica em Marte é extremamente baixa e as temperaturas podem chegar até -185°C. No Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, Lauren Mc Keown e sua equipe utilizaram uma câmara específica chamada “DUSTIE” para replicar essas condições extremas.

A câmara de teste DUSTIE foi resfriada com nitrogênio líquido para alcançar as temperaturas necessárias. Além disso, a pressão foi reduzida para imitar as condições da superfície marciana. Uma vez recriado esse ambiente, os pesquisadores puderam realizar os experimentos e observar as formações das aranhas em tempo real.

Qual foi o impacto dos resultados dos experimentos?

Os resultados dos experimentos foram surpreendentes e revelaram detalhes não previstos pelo modelo de Kieffer. Por exemplo, observaram a formação de gelo entre os grãos do simulador de solo e como ele também influenciava a quebra do gelo. Esse comportamento alternativo pode explicar por que algumas aranhas têm uma aparência mais rachada.

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Lauren Mc Keown, que buscava reproduzir essas condições há cinco anos, descreveu a emoção de finalmente testemunhar uma coluna de gás dióxido de carbono emergindo de modo semelhante ao observado em Marte. Este progresso ajuda a ajustar nossos modelos teóricos e aprimorar nossa compreensão sobre os processos geológicos marcianos.

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