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Dólar tem nova alta e fecha com maior valor em mais dois anos

Série de entrevistas do presidente Lula com críticas ao Banco Central e seu comandante, Campos Neto, repercute mal com os investidores

Nesta sexta-feira (28), o dólar comercial fechou em alta, cotado a R$ 5,5884, marcando uma valorização de mais de 15% no primeiro semestre de 2024.
Dólar – Créditos: Freepik

Nesta sexta-feira (28), o dólar comercial fechou em alta, cotado a R$ 5,5884, marcando uma valorização de mais de 15% no primeiro semestre de 2024. Este é o maior patamar desde 10 de janeiro de 2022, quando a moeda americana estava cotada a R$ 5,6742.

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Enquanto isso, o Ibovespa registrou uma queda de 0,32%, fechando aos 123.907 pontos. Com o resultado, o índice da bolsa brasileira teve alta de 2,11% na semana e ganhos de 1,48% no mês. Porém, ao levar em conta o ano de 2024, registra-se perdas de 7,66% no ano.

O que está mexendo com o dólar?

“Em meio a novos ataques do presidente Lula ao Banco Central, ao denominar a Selic em 10,5% como ‘irreal’, e dizer que a taxa de juros deve melhorar com o novo presidente do BC, o câmbio reage à maior percepção de risco e ao receio de politização na conduta da política monetária”, explica, ao g1, José Alfaix, economista da Rio Bravo Investimentos.

Além disso, a divulgação do resultado consolidado do setor público revelou um déficit superior às projeções. “O que se vê é uma trajetória de crescimento da dívida que preocupa, ao mesmo tempo em que carece a urgência de ajustes fiscais. A piora da percepção de risco fiscal e institucional é transferida diretamente para o câmbio, sendo o principal motor da alta”, diz Alfaix.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a taxa de desemprego no Brasil foi de 7,1% no trimestre encerrado em maio, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua. O número absoluto de desocupados teve queda de 8,8% em relação ao trimestre anterior, atingindo 7,8 milhões de pessoas. Na comparação anual, o recuo é de 13%.

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Durante a semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez declarações que repercutiram no mercado. Ontem, ele criticou as perspectivas de investidores e do mercado financeiro sobre uma aposta no enfraquecimento do real e em uma piora da economia brasileira. “Quem estiver apostando em derivativo vai perder dinheiro nesse país. As pessoas não podem ficar apostando no fortalecimento do dólar e no enfraquecimento do real”, declarou.

“Eu já vi isso em 2008. Quem não lembra a quantidade de empresa que quebrou? Quem não lembra o que aconteceu com a Sadia, a Aracruz? As pessoas achavam que era importante ganhar dinheiro apostando no fortalecimento do dólar e quebraram a cara. E vão quebrar outra vez”, afirmou Lula. Durante a semana, Lula também criticou a condução dos juros pelo Banco Central em entrevista ao portal UOL, aumentando a atenção dos investidores sobre o sucessor de Roberto Campos Neto no ano que vem.

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Nesta sexta-feira, os investidores também repercutiram novos dados de inflação nos Estados Unidos. O índice PCE avançou 0,1% em maio, acumulando alta de 2,6% em um ano, dentro das expectativas do mercado e representando uma leve desaceleração em relação ao mês anterior. Além disso, o número de pedidos de seguro-desemprego nos EUA recuou em 6 mil na semana encerrada em 22 de junho, chegando a 233 mil, conforme informou o Departamento do Trabalho norte-americano.

Economistas estão divididos sobre o significado desses resultados: alguns interpretam como indicativos de alta nas demissões, enquanto outros veem como repetição da volatilidade observada no mesmo período do ano passado. Os pedidos de seguro-desemprego são indicadores importantes da atividade econômica e estão no radar do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA).

A taxa básica de juros nos Estados Unidos está em seu maior patamar desde 2001, na faixa de 5,25% e 5,50% ao ano. O objetivo do Fed é reduzir a inflação para perto de 2%, a meta da autoridade monetária. Juros mais altos nos EUA tornam economias emergentes, como o Brasil, menos atrativas, impactando negativamente o real, pois investidores tendem a migrar seus investimentos para economias desenvolvidas, desvalorizando ainda mais a moeda brasileira.

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