Com o aval do governo federal, a indústria brasileira planeja importar arroz da Tailândia, segundo maior exportador do mundo depois da Índia. A estratégia surge depois que enchentes deixaram parte das plantações do Rio Grande do Sul, estado com maior produção nacional do grão, submersas.
A falta de cereal no país pode inflacionar o preço do cereal. Isso porque o Brasil consome quase todo o arroz que produz, e mais de dois terços do cereal é cultivado somente no RS. Como consequência da tragédia, pelo menos 800 mil toneladas devem ter sido perdidas até agora – incluindo plantações e armazéns.
Porém, a safra brasileira apresentava uma oferta reduzida antes mesmo da chuva histórica. As enchentes do ano passado haviam atrasado o plantio de arroz, diminuindo a quantidade de grãos armazenados e disponíveis.
Como contornar a especulação do arroz?
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, liberou a compra de até 1 milhão de toneladas do grão nesta quarta-feira (8). “Não significa que se vai comprar 1 milhão de toneladas, porque como eu disse, o Brasil e praticamente autossuficiente. Não queremos concorrer, abaixar o preço dos produtores, mas não podemos deixar também haver desabastecimento e subirem os preços nas gôndolas dos supermercados”, explicou em entrevista ao Estúdio i. Fávaro ainda não divulgou a origem nem a quantidade do cereal.
Similarmente, Lula sinalizou nesta terça(7) a possível importação de arroz e feijão caso seja necessário.
AÇÕES PARA BAIXAR O PREÇO DOS ALIMENTOS | “Se for o caso, para equilibrar a produção, a gente vai ter que importar arroz e feijão para colocar na mesa do povo a preço compatível com o que ele ganha”, afirmou @LulaOficial em entrevista ao Bom Dia, Presidente, da @ebcnarede. pic.twitter.com/KiGqRPrUOX
— CanalGov (@canalgov) May 7, 2024
Por que a Tailândia?
Durante a pandemia, o Brasil importou arroz da Tailândia como recurso de emergência. Andressa Silva, diretora-executiva da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), contou ao G1 que a escolha se deu por causa “do preço e da qualidade” do produto. Cada saca custou cerca de R$115.
Ainda assim, os principais vendedores de arroz para o mercado brasileiro são parceiros do Mercosul como Paraguai, Uruguai e Argentina. Nesta terça (7), o ministro Fávaro disse que o cereal deve ser comprado de produtores do Mercosul. “É arroz pronto para consumo, já descascado, para não afetar a relação de produtores, cerealistas e atacadistas.”
Porém, de acordo com Evandro Oliveira, consultor do Safras & Mercado, o preço oferecido pelos países vizinhos é um pouco mais alto que o tailandês – seria R$125 por saca. Além disso, alguns produtores sul-americanos não investiram na exportação do cereal por causa dos efeitos do El Niño nas suas plantações.