Inflação de julho aumenta para todas as faixas de renda

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 Pelo quarto mês consecutivo, a inflação das famílias de renda muito baixa ficou acima da inflação dos mais ricos. De acordo com o Indicador de Inflação por Faixa de Renda, divulgado hoje (13) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), houve aumento da inflação na margem de junho para julho para todas as faixas de renda, só que esse incremento foi maior para as famílias de renda muito baixa (1,12%), contra 0,88% das famílias de renda alta.

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A economista Maria Andreia Lameiras, pesquisadora do Ipea, disse à Agência Brasil que a diferença para a parcela mais pobre da população tem ocorrido porque os produtos que têm subido muito nos últimos meses são os que pesam muito na cesta de consumo dos mais pobres. “Você tem aí alimentos, energia elétrica e gás de cozinha. Isso tudo pressiona mais a inflação dos mais pobres, porque o percentual da renda gasto com esses itens é maior do que para os mais ricos”.

Maria Andreia explicou que o impacto da alta inflacionária nos mais ricos acaba sendo menor, porque o peso desses itens consumidos na cesta dos mais ricos é menor. Ela destacou também que, em julho, houve queda no preço dos planos de saúde (1,4%) e isso contribuiu para aliviar a inflação dos mais ricos. “Por isso, deu essa diferença.”

Acumulado

No acumulado do ano até julho, a pesquisa mostra que o grupo que registrou a maior alta foi o de famílias da classe média baixa que recebem entre R$ 2.471,09 e R$ 4.127,41 por mês, para as quais a variação atingiu 5% no ano.

Para o grupo de renda muito baixa, que recebe até R$ 1.650,50, a inflação de janeiro a julho foi de 4,8%, enquanto que para as famílias de maior renda, que recebem por mês mais de R$ 16.509,66, a inflação acumulada alcançou 4,28%.

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Maria Andreia informou que o aumento se deve à alta de alimentos, energia elétrica, gás de cozinha, tanto em botijão como encanado, gasolina, que pega um pouco a classe média. “Quando olhamos a classe média e média-baixa, elas acabam tendo uma inflação maior.”

Nos últimos doze meses, vemos o retorno da inflação mais alta para as famílias de renda muito baixa (10,1%), a maior desde 2016 (10,6%), enquanto as famílias de renda alta têm inflação menor (7,1%). “O período de 12 meses ainda está muito contaminado por alimentos”. A pesquisadora do Ipea observou que no segundo semestre de 2020, que está na conta de 12 meses, o grupo alimentos cresceu muito, e isso afetou a cesta dos mais pobres.

Para os mais ricos, não só os alimentos pesam menos, como  também tem o efeito da pandemia. Como resultado das medidas de restrição e circulação muito grandes, impostas pelas autoridades para conter a disseminação do novo coronavírus, o setor de serviços jogou muito para baixo a inflação dos mais ricos, com reflexos inclusive na educação, que teve descontos de mensalidades no segundo semestre. “Além disso, gastos com serviços pessoais e recreação deram um alívio na inflação dos mais ricos. Por isso, ela fica mais alta para os mais pobres”, disse a economista.

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Reajustes

Os reajustes que causaram maiores impactos em julho para as famílias de renda muito baixa foram os das tarifas de energia elétrica (7,88%), gás de botijão (4,17%), carnes (0,77%), aves e ovos (2,84%), leite e derivados (1,28%).

Para os mais ricos, o principal foco foram os reajustes da gasolina (1,6%), das passagens áreas (35,2%) e do transporte por aplicativo (9,4%). Em 12 meses, a alta inflacionária para as famílias de renda muito baixa reflete as variações de 16% dos alimentos no domicílio, de 20,1% da energia elétrica e de 29,3% do gás de botijão, sinaliza a pesquisa do Ipea.

(Agência Brasil)

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