Mais de 15 milhões de brasileiros já são seus próprios patrões, entenda o fenômeno MEI

Conheça a história de ex-advogada que trocou a carreira pelo negócio de marmitas, refletindo a explosão de MEIs no Brasil. Entenda os motivos

A inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), desacelerou em agosto, alcançando uma queda de 0,02%.
Esta é a primeira vez que o IPCA registra uma queda desde junho de 2023, quando houve uma redução de 0,08% – Crédito: Canva Fotos

Nos últimos anos, o Brasil viu um crescimento avassalador no número de Microempreendedores Individuais (MEIs). De acordo com dados do Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, o número de MEIs mais do que triplicou na última década.

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Esta tendência reflete uma mudança significativa no mercado de trabalho e nas preferências dos trabalhadores brasileiros.

Uma das histórias que ilustram bem essa transformação é a de Rafaela Franchi Sampaio, uma ex-advogada de 35 anos que trocou a carreira jurídica pelo empreendimento gastronômico. Rafaela começou a vender marmitas como um trabalho extra e, após ser demitida de seu escritório de advocacia, decidiu se dedicar integralmente ao novo negócio. O resultado? Hoje, ela possui uma microempresa consolidada que lhe rende até 500% mais do que a antiga profissão.

MEIs no Brasil: uma janela de oportunidade

Segundo especialistas, o crescimento no número de MEIs pode ser atribuído a vários fatores. Em primeiro lugar, muitos brasileiros vêm buscando maior flexibilidade de horário e liberdade financeira, algo que o empreendedorismo pode proporcionar. Além disso, a “pejotização”, onde trabalhadores são contratados como pessoa jurídica ao invés de CLT, tornou-se uma prática comum, especialmente para reduzir custos empresariais.

  • Flexibilidade de horário
  • Livre iniciativa financeira
  • Pejotização e redução de custos

Quais são os desafios?

Nem todos os empreendedores alcançam o sucesso de Rafaela. Mesmo com as vantagens oferecidas pelo sistema MEI, muitos enfrentam dificuldades para manter o negócio. De cada dez brasileiros que se tornam MEIs, três fecham as portas com até cinco anos de atividade. A carga de tarefas e a falta de habilidades administrativas são algumas das razões para essa alta taxa de mortalidade.

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Por que tantos brasileiros estão se tornando MEIs?

Com a pandemia de COVID-19, o perfil do microempreendedor individual se diversificou ainda mais. Muitos brasileiros, diante do desemprego, viram no MEI uma porta de entrada para uma nova fonte de renda. Dados indicam que a taxa de desemprego anual atingiu 14% em 2021, impulsionando a formalização de pequenos negócios.

Dados e números sobre MEIs

Os números falam por si mesmos. Em 2023, 3,3 milhões de brasileiros se cadastraram como MEIs, o maior número desde a criação do programa em 2008. Atualmente, existem aproximadamente 15,7 milhões de MEIs no país. A seguir, veja um resumo dessas informações e das implicações para o mercado:

  1. Em 2014, 4,6 milhões de MEIs no Brasil
  2. Em 2023, o número cresceu para 15,7 milhões
  3. A cada 2,4 trabalhadores com carteira assinada, há um MEI

O impacto da pejotização na economia

A “pejotização” se refere ao fenômeno onde empresas contratam trabalhadores como pessoa jurídica (MEI) em vez de CLT. Enquanto todos os trabalhadores formais contribuem com uma alíquota entre 7,5% e 14% para a Previdência Social, a contribuição do MEI é de apenas 5% do salário-mínimo. Isso torna a contratação de MEIs uma opção atraente para as empresas que buscam reduzir custos trabalhistas.

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No entanto, essa prática tem sérias implicações. Trabalhadores contratados como MEIs não têm acesso aos direitos trabalhistas tradicionais, como FGTS e seguro-desemprego, em caso de rescisão. Especialistas como Bruna Alvarez, da FGV, apontam que isso diminui a proteção social e os direitos dos trabalhadores, tornando necessária uma maior fiscalização e possíveis reformas no sistema.

O futuro dos MEIs no Brasil

Com a economia em recuperação após a pandemia, há previsões de que o número de MEIs continue a crescer, mesmo que em um ritmo menor. O governo, por sua vez, está trabalhando para aprimorar o programa, focando em medidas que possam integrar trabalhadores informais ao mercado formal. Programas como o Desenrola Pequenos Negócios e o ProCred 360 são exemplos de iniciativas que buscam fortalecer essa transição.

Em conclusão, a ascensão dos MEIs no Brasil reflete uma mudança significativa no mercado de trabalho e nas preferências dos trabalhadores. Seja pela busca de mais flexibilidade, pela necessidade econômica ou pelas mudanças nas práticas de contratação, a figura do microempreendedor individual está mais presente do que nunca na economia brasileira.

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