inflação

Plano Real deixa legado de juros altos e câmbio volátil

Recentemente, a Taxa Selic tem estado no centro das discussões políticas, especialmente após o Banco Central encerrar um ciclo de redução, mantendo-a em 10,5% ao ano

O Plano Real, implementado há três décadas para conter a hiperinflação, trouxe consigo medidas que ainda hoje suscitam debates.
Desindustrialização é apontada como outro problema – Crédito: Marcello Casal JrAgência Brasil

O impacto do plano que estabilizou a economia brasileira gerou repercussões complexas em diferentes setores. Considerado um marco na história econômica do país, o Plano Real, implementado há três décadas para conter a hiperinflação, trouxe consigo medidas que ainda hoje suscitam debates entre especialistas.

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Economistas consultados pela Agência Brasil apontam que as altas taxas de juros e a abertura do mercado financeiro, fundamentais para conter a inflação descontrolada na década de 1990, agora representam desafios significativos para a indústria nacional. Essas medidas, destinadas a estabilizar a economia, também tornaram o país mais suscetível às flutuações cambiais, conforme análise dos especialistas.

Recentemente, a Taxa Selic, principal referência para os juros na economia, tem estado no centro das discussões políticas, especialmente após o Banco Central encerrar um ciclo de redução, mantendo-a em 10,5% ao ano na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). As críticas públicas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, têm contribuído para uma maior volatilidade no mercado cambial.

Segundo a reportagem da Agência Brasil, os debates sobre os impactos das políticas monetárias adotadas desde a criação do real têm revelado questões estruturais profundas. Os altos índices de juros, por exemplo, historicamente utilizados para conter o consumo, e a política de câmbio sobrevalorizado, destinada a incentivar importações e conter a inflação doméstica, têm gerado impactos que vão além das intenções originais.

“A âncora cambial e os altos juros foram pilares fundamentais do Plano Real. A valorização do câmbio inicialmente beneficiou a economia ao reduzir a inflação via competição com produtos importados, mas também trouxe desafios, como o déficit crescente na balança comercial”, explica Virene Matesco, professora de economia da Fundação Getulio Vargas (FGV).

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Para Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Way Investimentos e professor do Ibmec, os altos juros desempenharam um papel crucial ao atrair investimentos estrangeiros necessários para sustentar a nova moeda. “O mecanismo da âncora cambial, aliado às taxas de juros elevadas, foi essencial para evitar a contaminação da moeda em um período de transição econômica delicada”, recorda.

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