CURSO DE GEOLOGIA

USP afasta professor titular após denúncia de assédio moral e humilhação

Joel Barbujiani Sigolo, do Instituto de Geociências, criou uma premiação entre os alunos de sua turma e entregou a uma das estudantes o “prêmio de pior aluna da turma”

O professor é formado em Geologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Começou a lecionar na USP em 1989
USP afasta professor titular após denúncia – Crédito: Reprodução / Youtube

Um professor do Instituto de Geociências da USP (Universidade de São Paulo) foi afastado de suas funções na universidade após uma “premiação” criada por ele mesmo. Joel Barbujiani Sigolo premiou dois “alunos destaque” com melhor desempenho nas aulas de Geologia geral. Em seguida, chamou uma jovem para entregar a ela o “prêmio de pior aluna da turma”.

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A estudante em questão alegou que estava afastada por questões de saúde. Ela informou que os professores foram avisados e as faltas justificadas com atestados médicos.

Os colegas da aula em questão divulgaram uma carta de repúdio, reprovando completamente as atitudes do professor. O texto fala sobre a saúde da aluna e a forma que a situação foi tratada pelo docente.

“Ainda que a referida aluna tivesse comparecido a todas as aulas, ou ainda, que fosse uma aluna com assiduidade e performance insatisfatórias por suas próprias decisões irresponsáveis, absolutamente nada justificaria ou autorizaria o docente a cometer o assédio moral acima relatado, em especial expondo a aluna a uma situação vexatória frente a seus colegas que a acompanharão por longos anos na universidade”

O G1 procurou Sigolo em busca de esclarecimentos, mas ele alegou que “tal aspecto está fortemente distorcido”. O professor é formado em Geologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Começou a lecionar na USP em 1989, mesmo lugar onde se tornou mestre e doutor.

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Em 2005 passou em um concurso e se tornou professor titular da universidade. Joel Sigolo se aposentou 14 anos depois, mas continuou lecionando de acordo com o quadro permissionário do estatuto da USP. O portal de transparência da universidade indica que o salário líquido do professor é de R$ 26,2 mil.

Esclarecimento do professor

“Apresentei meu pedido desculpas pessoalmente à aluna e seus colegas de turma, bem como à direção da instituição, e estendo-o a todos os membros discentes e docentes do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo, comunidade USP e sociedade civil. Compreendo que minha atitude impensada causou constrangimento, assumo a responsabilidade e peço desculpas publicamente a ela e sua família pelo ato e subsequente efeito não intencional à estudante.

Entendo a posição da instituição de afastamento das atividades de docência até a averiguação interna dos fatos e integrarei a aprendizagem relacionada ao episódio à minha prática docente, bem como às minhas relações pessoais e profissionais.”

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Nota da Universidade

“Foi com consternação e pesar que recebemos uma nota de repúdio redigida por alunos do IGc e de outros institutos do baixo Matão.

A nota dá ciência de grave ocorrido em sala durante uma das aulas do primeiro ano do Bacharelado em Geologia. Os fatos narrados são tristes, desrespeitosos e aviltantes e não coadunam, de maneira alguma, com a filosofia da gestão recém-iniciada.

Além das instâncias departamentais e da Comissão de Graduação, que costumeiramente acolhe relatos concernentes à prática docente, o IGc conta com uma Comissão de Direitos Humanos. Estes são os canais adequados para a protocolização, acolhimento e encaminhamento de denúncias de assédio e perseguição. Sentimos muito que o fato tenha sido trazido ao nosso conhecimento somente hoje.

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Esclarecemos que o docente envolvido está aposentado, porém ativo via adesão ao quadro permissionário previsto no estatuto da USP. Ressaltamos que o docente será afastado de todas as atividades em sala de aula até que a situação seja melhor averiguada. Se confirmados os fatos, serão adotadas as sanções cabíveis ao caso à luz do que preconiza a jurisprudência universitária.”

* Matéria publicada com supervisão de Ricardo Parra.

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