CRÍTICAS E DENÚNCIAS

Atrizes pornô: mortes recentes levam a debate sobre indústria de conteúdo erótico

Segundo Thais Faria de Castro, há uma “desumanização das pessoas que trabalham com pornografia”

Os dois últimos meses foram marcados pelas mortes de três atrizes pornô: Kagney Linn Karter, Jesse Jane e Thaina Fields. Kagney faleceu nos Estados Unidos, e a polícia local considera a possibilidade de suicídio.
As atrizes pornô Jesse Jane, Kagney Linn Karter e Thaina Fields – Créditos: Reprodução/g1

Os dois últimos meses foram marcados pelas mortes de três atrizes pornô: Kagney Linn Karter, Jesse Jane e Thaina Fields. Kagney faleceu nos Estados Unidos, e a polícia local considera a possibilidade de suicídio.

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Jesse foi encontrada morta em sua casa, em Oklahoma, ainda sem causa de morte definida. A perícia trabalha com a hipótese de overdose. Já Thaina morreu no Peru, meses após fazer críticas à indústria pornô. O motivo de sua a morte também segue indefinido.

Casos como estes levantam uma série de denúncias, críticas e discussões sobre pornografia.

Uma atriz pornô chamada Ruby disse à “Rolling Stone” que acredita que os produtores e empresários “realmente não se importam se morremos ou não. Provavelmente vou pegar um pouco pesado aqui, mas esta é a verdade: eles preferem que morramos, porque assim podem ganhar dinheiro conosco para sempre“.

Em 2021, Lana Rhoades, ex-atriz pornô, contou no podcast “3 Girls 1 Kitchen” que saiu do setor porque adquiriu “cicatrizes psicológicas” como depressão e pensamentos suicidas.

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[Os agentes] não se importam com as garotas, só querem agradar os produtores e as agências. São homens de 40 a 60 anos que estão na indústria há 20 ou 30 anos. Eles sabem como manipular meninas de 18 a 20 anos para que façam as coisas“, afirmou.

O pornô e a “desumanização feminina

Segundo Thais Faria de Castro, autora da dissertação de mestrado “(Des)construindo performances: O feminino como sujeito na pornografia feminista“, os filmes pornô mainstream (convencionais) reproduzem e contribuem para a “manutenção do machismo, da hegemonia masculina” (via g1).

Ela acredita que há uma “desumanização das pessoas que trabalham com pornografia“. Para a pesquisadora, “a precarização vai gerar esse contexto de violência, que vai ‘matando’ essas pessoas. E, se não mata através do suicídio, vai matando através de outros fatores: privação do convívio social, da afetividade, da saúde. É uma falta de segurança de acesso à humanidade, por isso chega a situações tão extremas, como o suicídio“.

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*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini

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