‘Boy Sober’: por que mulheres heterossexuais estão desistindo de relacionamentos?

O termo popularizado pela comediante americana Hope Woodard, que como muitas mulheres ao redor do mundo, tem dificuldade de se relacionar e de se sentir respeitada por seus antigos parceiros

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Mulheres estão desistindo de se relacionar com homens – Crédito: Canva

Recentemente, uma nova tendência entre mulheres heterossexuais de diversas idades tem ganhado força, com muitas optando por um “detox de homem”. No TikTok, vídeos com os termos “boy sober” e “detox de homem” se multiplicam rapidamente, promovendo um período sabático de relacionamentos com homens.

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O termo foi criado pela comediante americana Hope Woodard, 27 anos. Ela postou sobre o tema em sua conta do TikTok em 2023 e o vídeo viralizou. Assim, ela decidiu criar o conceito após perceber que durante toda a sua vida sempre esteve envolvida em algum tipo de relacionamento e decidiu que era hora de ter um tempo para si. Hoje, além de falar sobre o assunto em seus shows, ela posta frequentemente vídeos relatando como anda o processo

@justhopinalongLike why would i go back♬ original sound – Hope Woodard

Mulheres procuram se valorizar mais

A dermatologista Jamile da Silva, 30, experimentou essa prática em 2023, passando três meses sem flertar ou sair em encontros. “Queria que fosse mais tempo, mas a libido atrapalhou”, relembra em entrevista ao g1. Para Jamile, os benefícios foram significativos. “Percebi que desejo um companheiro para a vida, mas o preço de estar em um relacionamento heterossexual é pesado para a mulher. Talvez eu não esteja disposta a passar por certas situações novamente.”

Ainda para o g1, a psicóloga Anne Crunfli comenta que muitas mulheres compartilham da frustração de Jamile. “Detox é um termo criativo para algo que não está fazendo bem. Questões como traições, distanciamento emocional e dificuldade de comunicação deixam de ser toleradas.” Além disso, Crunfli liga essa tendência à crescente independência financeira feminina, onde as mulheres rejeitam o papel de “provedoras emocionais”. “Mulheres focadas em seu autodesenvolvimento entendem que não é sua responsabilidade desenvolver a inteligência emocional dos homens.”

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Autonomia afetiva

Nos Estados Unidos, essa tendência é conhecida como “descentralizar os homens” nas relações afetivas. Na rede social X (antigo Twitter), um comentário com mais de 200 mil visualizações sugere que não morar com parceiros homens pode ser uma forma de evitar o desempenho patriarcal na vida doméstica.

Para Irene Gonçalves, 72, a autonomia afetiva sempre foi prioridade, mesmo sem redes sociais. “Sempre fui fora da curva. Aos 13 anos já dizia que não queria filhos, e foi fácil decidir.” Irene, que viajou o mundo, admira casais que formam famílias, mas acredita na escolha individual. “Espero que as jovens façam escolhas próprias, sem seguir modismos impostos pelas redes sociais.”

Assim, essas mulheres estão redefinindo suas prioridades e buscando equilíbrio emocional, questionando as normas tradicionais dos relacionamentos heterossexuais.

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*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini

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