No primeiro dia do Big Brother Brasil 24, durante a prova do líder, uma situação desagradável de capacitismo ocorreu entre os participantes.
Maycon perguntou a Vinicius se poderia dar um apelido à prótese do velocista e sugeriu o nome de “cotinho“, termo que vem da palavra “coto“, usada popularmente para se referir a uma parte restante de algum membro amputado. Vinícius é um atleta de 29 anos, ele teve parte da perna esquerda amputada quando sofreu um acidente de carro há dez anos, em Maringá, no norte do Paraná.
A fala do brother repercutiu nas redes sociais e gerou revolta nos internautas.
Parabéns Maycon, primeiro eliminado do BBB 24 e o primeiro otario de 2024 pic.twitter.com/rUgj1OB8KR
— LÁBIO EM INGLÊS 💙 (@LipGFZ) January 9, 2024
Capacitismo e falta de Acessibilidade
Especialistas são unânimes em afirmar que atos de capacitismo estão de tornando indevidamente mais comuns do que deveriam. A consultora da Mais Diversidade Julia Drezza, em entrevista ao G1, falou sobre como cenas de capacitismo estão presentes no dia-a-dia: “Comunicar-se somente com o acompanhante de uma pessoa com deficiência, ou achar que a pessoa não é capaz de decidir por ela, achar que a pessoa não pode namorar, ter uma carreira”. Ela comenta ainda que o constrangimento no rosto do participante Vinicius foi visível.
A falta de acessibilidade em espaços públicos é apenas a ponta do iceberg, reflete. O capacitismo se insinua em estereótipos que subestimam as habilidades e potenciais das pessoas. Julia alerta que, desde a insistência na narrativa de que são dependentes até a exclusão inconsciente de oportunidades, as vítimas enfrentam uma batalha constante contra preconceitos.
Combater o capacitismo exige uma mudança cultural e estrutural. Educação inclusiva, representatividade positiva nos meios de comunicação e, principalmente, implementação de políticas que promovam a igualdade de oportunidades são passos cruciais. Ao quebrar essas barreiras invisíveis, podemos começar a construir uma sociedade mais justa e inclusiva, afirma a especialista.
Drezza ainda fala sobre o uso do termo “deficiente” e conclui com um questionamento: “o que não é eficiente? A pessoa ou o espaço que a acolhe?”
* Sob supervisão de Lilian Coelho