Vencedora de Emmy e cenógrafa: veja curiosidades sobre a carnavalesca Rosa Magalhães

A artista faleceu aos 76 anos no Rio de Janeiro e deixou um legado imenso para cenografia e figurino na cultura brasileira

A artista Rosa Magalhães faleceu aos 76 anos no Rio de Janeiro e deixou um legado imenso para cenografia e figurino na cultura brasileira.
Artista foi a carnavalesca que mais ganhou títulos no Sambódromo do Rio – Créditos: Reprodução/ X

Rosa Magalhães, artista plástica e ícone do carnaval carioca, faleceu no Rio de Janeiro aos 76 anos na noite desta quinta-feira (25). Com uma carreira extensa e inúmeras contribuições para a cultura brasileira, Rosa deixou um legado imenso e inesquecível. Ela tinha três graduações: em pintura, cenografia e indumentária, e também trabalhava como professora na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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Entrou no mundo do samba em 1970, quando se tornou assistente do Salgueiro. Naquele tempo, mulheres não frequentavam as quadras das escolas de samba; trabalhavam nos quintais das casas de diretores, como explicou em uma entrevista ao G1 em 2020. Foi nesse ambiente que Rosa começou a criar alegorias e fantasias que viriam a revolucionar o Carnaval.

O primeiro título de Rosa, como assistente de Fernando Pamplona, veio em 1971, com o enredo “Festa para um rei negro” que exaltava a cultura negra. Este trabalho inicial marcou o início de uma carreira brilhante. Já como carnavalesca, Rosa conquistou seu primeiro título em 1982, no Império Serrano, ao lado de Lícia Lacerda com o enredo “Bum bum paticumbum prugurundum“.

O carnaval apresentado com Lícia foi uma luta para ser aceito, mas acabou sendo inesquecível. “O Pamplona deu a ideia do enredo, e nós desenvolvemos. Mas mudamos um monte de coisa, a começar pelo nome. De ‘Praça 11, Candelária e Sapucaí’, para ‘Bum bum paticumbum prugurundum’. Briguei muito, o trabalho levou um mês para ser aceito”, lembrou em 2020.

A dupla também fez história na Estácio de Sá, com um dos carnavais mais memoráveis, “Ti-ti-ti do sapoti”, em 1987. Após a partida de Lícia para os Estados Unidos, Rosa seguiu criando enredos sozinha e continuou brilhando.

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Sequência de títulos de Rosa Magalhães

A fase de ouro da carnavalesca ocorreu entre 1994 e 2001, na Imperatriz Leopoldinense. Com trabalhos minuciosos, luxuosos e enredos históricos detalhadamente elaborados, Rosa se consolidou na Verde e Branca de Ramos. Nesta escola, conquistou cinco títulos, incluindo um tricampeonato de 1999 a 2001.

  • 1994: Catarina de Médicis na corte dos Tupinambôs e dos Tabajères
  • 1995: Mais vale um jegue que me carregue, que um camelo que me derrube, lá no Ceará
  • 1999: Brasil, mostra a sua cara em… Theatrum Rerum Naturalium Brasiliae
  • 2000: Quem descobriu o Brasil foi Seu Cabral, no dia 22 de abril, dois meses depois do carnaval
  • 2001: Cana-caiana, cana roxa, cana fita, cana preta, amarela, Pernambuco… Quero vê descê o suco na pancada do ganzá

Seus trabalhos fora do carnaval

Além de campeã no Carnaval, Rosa teve destaque internacional. Ela venceu um prêmio Emmy pelo figurino da abertura dos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio de Janeiro. Em 2016, foi a responsável pela cerimônia de encerramento da Olimpíada do Rio. O evento contou com a participação de Martinho da Vila e muito samba.

Fábio Fabato, jornalista e amigo de Rosa, comparou sua importância na arte brasileira a ícones como Tarsila do Amaral e Candido Portinari. “Rosa foi a maior fazedora da maior festa popular do planeta. Só isso já bastaria para ela ser considerada uma das grandes artistas brasileiras de todos os tempos”, declarou.

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A cenógrafa também trabalhou como cenógrafa de várias novelas e séries da TV Globo.

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