suspeita de suicídio

Quem foi Ed Piskor, quadrinista morto aos 41 anos?

Recentemente, Piskor enfrentava acusações de aliciamento, assédio e comportamento indevido contra mulheres

O quadrinista Ed Piskor, conhecido por criações como "Hip-Hop Family Tree" e participações em "X-Men: Grand Design", morreu aos 41 anos na última segunda-feira (1º), segundo anúncio da família.
Autor ficou famoso com a obra “Hip Hop Family Tree” – Créditos: X/Reprodução

O quadrinista Ed Piskor, conhecido por criações como “Hip Hop Family Tree” e participações em “X-Men: Grand Design”, morreu aos 41 anos na última segunda-feira (1º), segundo anúncio da família. “É com um coração muito partido que compartilho a morte de meu irmão mais velho, Ed, hoje”, escreveu sua irmã, Justine, no Facebook. “Por favor, só peço que nos incluam em suas orações, pois é o momento mais difícil que enfrentamos”, completou.

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Ainda não há uma causa oficial para a morte do artista, mas uma carta que Piskor deixou dias antes de morrer, na qual ele menciona, e nega, acusações de assédio e comportamento inapropriado deferidas contra ele, levanta suspeitas de suicídio. O obituário do escritor lê-se: “ele sobrevive por meio de seus queridos pais, Edward R. Sr. e Diane (Blazevich) Piskor; amados irmãos, Robert (Natalie) Piskor, Justine (Joshua) Cleaves e Brianna Piskor; e estimados sobrinhos e sobrinhas Lucy, Calvin, Carson, and Brynn.”

Dentre as homenagens, o lendário cartunista Rob Liefeld publicou um vídeo em seu Instagram lembrando os trabalhos de Piskor, que, segundo ele, “o admirava quando era mais jovem”.

 

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Uma publicação compartilhada por Rob Liefeld (@robliefeld)

Quem é Ed Piskor?

O quadrinista cresceu em uma vizinhança predominantemente negra na cidade de Homestead, na Pennsylvania, e frequentou a escola de arte Joe Kubert. Em 2003, ele entrou em contato com o escritor Harvey Pekar, que o contratou para desenhar as histórias em quadrinhos autobiográficas do autor. Juntos, eles ainda trabalharam no livro “Macedonia”, de Heather Roberson e na obra de 2009, “The Beats”.

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Após a morte de Pekar, Ed Piskor começou a trabalhar em suas próprias criações, com o lançamento, em 2012, da comic “Wizzywig”. Neste mesmo ano, ele começou a trabalhar no que muitos consideram sua obra-prima. Hip Hop Family Tree, que conta a história do gênero musical, teve suas páginas publicadas semanalmente no site Boing Boing até 2015. A obra também foi compilada e lançada pela Fantagraphics. O quadrinho foi altamente aclamado pelos críticos e garantiu a Piskor o Prêmio Eisner de Melhor Obra Baseada na Realidade.

Com o reconhecimento, ele conseguiu participar em um reboot da história da famosa série X-Men, denominado “X-Men: Grand Design”, publicado em três volumes pela Marvel.

Em 2019, ele se juntou a um amigo da juventude, Jim Rugg, para lançar o canal e podcast Cartoonist Kayfabe, no YouTube. No espaço, eles entrevistavam figuras do mundo das HQs, comentavam notícias do ramo, analisavam quadrinhos antigos, dentre outras coisas.

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Acusações contra Ed Piskor

No último dia 24, a artista Molly Dwyer, de 21 anos, acusou o quadrinista de aliciá-la enquanto ela tinha apenas 17 anos, em busca de benefícios sexuais, prática chamada de grooming em inglês. A jovem divulgou mensagens de texto entre os dois, em 2020, que revelam Piskor mostrando insatisfação com o fato dela ser menor de idade.

Logo depois, outra mulher, Molly Wright, afirmou que Ed queria que ela fizesse sexo oral nele em troca do número de seu agente.

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As acusações afetaram a carreira do artista imediatamente. Uma exposição da arte do quadrinista, marcada para abril, na Galeria 707 Penn, em Pittsburgh, foi cancelada em 25 de março após organizadores tomarem conhecimento das alegações.

Seu companheiro Jim Rugg também manifestou-se após o ocorrido. “À luz das revelações chocantes da semana passada, acho necessário reavaliar minhas associações profissionais para garantir que elas se alinham com meus valores de respeito e integridade. Por isso, terminei minha relação profissional com Ed Piskor”.

O artista, porém, não ficou em silêncio. Em um post no Facebook, ele escreveu que era “indefeso contra uma multidão desta magnitude. Por favor compartilhe o meu lado da situação. Sayonara [adeus, em japonês]”. Abaixo, ele inseriu um link para sua suposta carta de suicídio.

*Caso você ou alguém que você conheça apresente comportamentos e indícios suspeitos de uma tentativa de suicídio, entre em contato com o Centro de Valorização da Vida (CVV), pelo site ou no número 188, para mais orientações. O serviço funciona 24 horas por dia e é completamente anônimo. Sua vida importa.

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