O ator e diretor Ney Latorraca, que faleceu nesta quinta-feira (26), aos 80 anos, no Rio de Janeiro, deixou claro, ainda em vida, seu desejo de destinar parte de sua herança a instituições beneficentes, entre elas o Retiro dos Artistas e a ABBR (Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação). Em entrevista ao jornal EXTRA em 2021, ele revelou que já havia formalizado o testamento.
“É um desejo da minha mãe também. Acho que é assim que tem que ser. O que eu ganhei com o teatro tem que voltar para essas causas. Essa é a missão do artista, pelo menos para mim”, disse o ator na ocasião.
O ator deixou quatro apartamentos em localizações privilegiadas de São Paulo e do Rio de Janeiro. De acordo com a Folha F5, um deles era sua residência principal, situada em um dos edifícios conhecidos como “Maestros”. Esses prédios de alto padrão, com nomes de regentes famosos como Villa-Lobos e Stravinsky, ficam de frente para a Lagoa Rodrigo de Freitas, na zona sul do Rio.
Além desse imóvel, Ney Latorraca possuía outro no Jardim Botânico e um terceiro na divisa entre Copacabana e Ipanema, também na zona sul carioca. Já em São Paulo, tinha um apartamento que descrevia como “pertinho do prédio do FHC [Fernando Henrique Cardoso]”.
Durante a pandemia, em entrevista a Cleo Guimarães para a Veja Rio (via Folha F5), Ney Latorraca revelou os destinos planejados para cada um desses imóveis. “Um vai para a ABBR (Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação), o outro para o Retiro dos Artistas. Os outros dois, um fica para o Grupo de Apoio às Crianças com Aids, de Santos, e mais um para um grupo dedicado às vítimas da hanseníase.” A decisão foi estabelecida de modo formal. “Botei no meu testamento que vou doar os quatro. […] Está tudo no meu testamento. Fiz questão”, disse.
Ney morreu em decorrência de uma sepse pulmonar, complicação provocada pelo avanço de um câncer de próstata. Ele estava internado desde 20 de dezembro na Clínica São Vicente, na Gávea, e teve sua trajetória marcada não apenas pelos papéis icônicos, mas também por um legado altruísta.
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Ney Latorraca: uma vida dedicada à arte
Nascido em Santos (SP), em 25 de julho de 1944, Ney Latorraca cresceu em uma família de artistas. Seu pai, Alfredo, era cantor e crooner, enquanto sua mãe, Tomaza, atuava como corista. A paixão pela arte foi natural, e, ainda jovem, ele formou a banda Eldorado ao lado de amigos do Instituto de Educação Canadá, onde estudava.
Sua estreia nos palcos aconteceu em 1964, aos 19 anos, com a peça “Pluft, o fantasminha“. Pouco tempo depois, já em São Paulo, participou de “Reportagem de um Tempo Mau“, dirigida por Plínio Marcos no Teatro Arena. Contudo, a censura do governo militar impediu a estreia da peça, e alguns integrantes do elenco chegaram a ser presos.
Após esse período, retornou a Santos e ingressou na Escola de Arte Dramática, o que abriu caminho para sua entrada na televisão e no cinema. Em 1969, ele estreou na TV Tupi com “Super Plá” e no cinema com o filme “Audácia, a Fúria dos Trópicos“. A partir de então, Ney Latorraca transitou por diversas emissoras até chegar à Rede Globo, onde consolidou sua carreira em produções como “Escalada” (1975), “Que Rei Sou Eu?” (1989) e o icônico humorístico “TV Pirata” (1988-1992).
Ney brilhou especialmente como o vampiro Vlad em “Vamp” (1991), um papel que se tornou símbolo de sua versatilidade e humor irreverente. Sua trajetória artística foi marcada por personagens memoráveis e contribuições significativas à cultura brasileira.
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