Equipe de skate nos ensina sobre diversidade e carreira

O episódio envolvendo a equipe brasileira de Skate, divulgado após Kelvin Hoefler conquistar uma medalha de prata na modalidade street, no qual foi notificado “um racha” na equipe, nos remete mais uma vez a uma temática extremamente atual e relevante – diversidade nas organizações

Equipe de skate nos ensina sobre diversidade e carreira
Kelvin Hoefler (Crédito: Ezra Shaw/Getty Images)

Para quem gosta de Gestão de Pessoas, como é o meu caso, a primeira semana da Olímpiada 2021 está sendo uma oportunidade para muitas reflexões sobre diversidade e carreira, deixando claro o quanto as equipes esportivas/olímpicas, como a de skate, se assemelham à realidade das equipes de trabalho corporativo. Para quem gosta de esportes, o período das olimpíadas é um tempo maravilhoso. Além de assistir às diferentes modalidades e torcer pelo nosso país, o esporte tem sempre muito a nos ensinar sobre trabalho em equipe, sobre superação, desafios, metas, conquistas e muito mais.

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O episódio envolvendo a equipe brasileira de Skate, divulgado após Kelvin Hoefler conquistar uma medalha de prata na modalidade street, no qual foi notificado “um racha” na equipe, nos remete mais uma vez a uma temática extremamente atual e relevante – diversidade nas organizações.

As políticas de Gestão da Diversidade nas organizações têm como objetivo primordial, enriquecer a força de trabalho por meio de uma multiplicidade de visões de mundo e formas de resolver problemas, o que tornaria as equipes mais criativas e inovadoras. Porém, não basta compor uma força de trabalho diversa, é necessário que ela se torne uma equipe, na qual a complementariedade é o fator distintivo, na qual comportamentos inclusivos precedem ao sentimento de inclusão/pertença.

No entanto, em muitas oportunidades, ao invés de acolhimento, o que se percebe é a existência de criação de categorias delimitadoras de fronteiras, na qual são estabelecidos que aspectos são relevantes para distinguir quem pertence ou não a determinado grupo. No caso específico da equipe de skate aqui trazida, uma das integrantes da equipe justificou não celebrar a conquista de um outro brasileiro, da mesma equipe, sob o argumento de que ele “nunca está com a gente nos rolês, nunca faz parte das nossas atividades por uma opção dele”. O atleta, por outro lado argumenta que é “um cara bem pacato e bem quieto”, que foi “para ganhar medalha” e “para representar o país.”

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Essa é uma clara fronteira entre “nós” e “eles”, e que pode trazer vantagens positivas ou negativas para uma determinada pessoa, simplesmente por estar “dentro” ou “fora” do grupo. Quando essas fronteiras se levantam, os direitos deixam de ser iguais. A diversidade só faz sentido se ajudar na demoção dessas fronteiras.

Em estudo de Siqueira e Aguiar (2007), esses autores apontaram que a não participação das mulheres nos círculos sociais fora da empresa impedia que fossem “lembradas” nas promoções, indicando que essas mulheres relataram perceber maior pressão para que apresentassem desempenhos superiores aos de seus pares masculinos. Não jogar futebol com o board executivo ou não participar dos happy hours pós-expediente, também tem funcionado para nós mulheres, como fronteiras que separam “nós” e “eles”.

Somos todas Kelvin Hoefler. Em matéria publicada em O Globo, Ana Paula Negrão, esposa do skatista, afirma que ele “só quer direitos iguais”. Nós também. Fica a reflexão.

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*Por Marineide de Oliveira Aranha Neto – professora de Gestão de Carreira da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Perfil Brasil.

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