A maior expedição científica do Brasil esteve em Alagoas e levou capacitação e conhecimento sobre o futebol feminino para meninas de comunidades ribeirinhas. O evento ocorreu de 21 a 30 de novembro, com abertura em Piranhas e encerramento em Penedo. Vários órgãos participaram, como a Agência Nacional de Águas, Ministério da Pesca e Agricultura, Universidade Federal do Alagoas (Ufal) e Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
O objetivo da expedição, com cientistas voluntários, foi passar de cidade em cidade coletando amostras, mapeando áreas, catalogando espécies nativas, promovendo ações de saúde pública, identificando problemas e pesquisando soluções para trazer dignidade ao Velho Chico e qualidade de vida à populações ribeirinhas.
Além dessas atividades, houve doação de computadores, projetor multimídia, implementos agrícolas, atividades de educação ambiental, e esporte feminino. A Estratégia Nacional para o Futebol Feminino participou da expedição pelo Programa Academia e Futebol, desenvolvido por intermédio da Secretaria Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor (SNFDT). O projeto mapeou a região e levou capacitação para alunos de educação física e atividades práticas para meninas e meninos das comunidades ribeirinhas. Junto ao Ministério do Esporte, as atividades foram feitas em conjunto com profissionais da Ufal.
O Academia e Futebol proporciona a prática do futebol, futsal e beach soccer a crianças, adolescentes e pessoas com deficiência, bem como apoia a produção e difusão da produção científica, com aporte de recursos para a realização de pesquisas, produção de artigos e livros, participação dos pesquisadores em congressos e a realização de cursos e eventos. Ele é também uma iniciativa de extensão do Instituto de Educação Física (Iefe) da Ufal com a ideia de promover a prática do futebol feminino em crianças e adolescentes, integrando diferentes ciências, no intuito de detectar talentos esportivos.
Suzana Prates, treinadora de futebol, foi à convite do MEsp de São Paulo à Alagoas para conhecer a realidade da região e contribuir para a iniciativa. “Viemos a convite do Ministério do Esporte, estamos muito gratas por essa troca que estamos tendo aqui. Percebemos que existe mulher jogando em todas as partes do país, principalmente no sertão de Alagoas. Essas mulheres precisam ser vistas. São projetos como esse que tiram a centralização em Maceió ao levar para o sertão, fazendo o futebol feminino crescer. Obrigada pelo convite, o futebol é de todas”, disse.
Mayara Pires também é treinadora do projeto Em Busca de Uma Estrela, em São Paulo. Convidada pela pasta, ela integrou a expedição. “Foi muito importante entender qual é a realidade do futebol feminino nesses municípios. A ideia é que a gente traga um pouco de bagagem, e consiga trocar bastante, aprender aqui com o que já existe e poder agregar, trocar e de alguma forma fomentar a modalidade para esse crescimento.”
Ela relata como foi a experiência. “É riquíssima para a gente. Entender o contexto do esporte em Alagoas é uma troca muito rica, falamos sobre a participação de mulheres no esporte nacional, desigualdade de participação entre homens e mulheres, e o quanto isso ainda é muito marcado, que ainda é preciso trabalhar muito. A gente vem no sentido de tentar trazer e trocar para que juntos construamos um espaço para que elas se sintam e assim tenham mais visibilidade. Muitas trazem esses resquícios de preconceito, mas há meninas que já tem mais consciência, que trazem uma reflexão, deixando o nosso trabalho mais rico.”
Mariza é professora do Academia Futebol, em Piaçabuçu. Ela dá aula para mais de 60 meninas. “Trabalhamos incentivando o futebol para mulheres. A gente oferece uma estrutura na Universidade Federal de Alagoas para as meninas desenvolverem o futebol, fomentando a modalidade. É muito gratificante fazer parte da vida dessas meninas, ajudando-as a sentir que o futebol também é um lugar para elas. Estou muito contente de participar desse encontro de profissões”, revela.