Com a chegada de uma segunda onda da pandemia de Covid-19, assim como variantes mais potentes, o número de mortos no Brasil já alcança a marca impressionante de 300 mil óbitos e além disso, também afeta os jogadores de base.
O cenário faz com que o país retorne a mesma realidade de incerteza que se viveu em março do ano passado. Além do comércio fechado e vidas privadas, um setor que também contabiliza prejuízos é o do futebol.
Estima-se que clubes perderam cerca de 40% na receita em 2020, à exemplo do Flamengo que em 2019 faturou R$97 milhões segundo um levantamento do Globo Esporte.
De acordo com dados da consultoria Sports Value, referência em marketing esportivo, somando os 20 maiores clubes em arrecadação do país, as perdas chegam a R$2,5 bilhões quando comparado com o ano anterior à pandemia.
Categorias de base
Além de prejuízos em bilheterias, contrações, alterações de calendário dos campeonatos e treinos em menor número, os jogadores das categorias de base estão entre os mais afetados pela pandemia.
Muitas vezes tendo que deixar a cidade onde residem em busca de grandes clubes, os garotos mais jovens dependem do apoio da família para conseguirem manter o sonho vivo.
Exemplo desta dura realidade, o jogador Jonatas José Marcinkevicius, de 12 anos, encerrou a última temporada na categoria de base do Corinthians como artilheiro do time no Campeonato Paulista sub 11 e capitão do time, mas precisou colocar os sonhos na mala e retornar para casa.
“Com a pandemia, as dificuldades financeiras atingiram a minha família. Com isso, tornou-se cada vez mais inviável sustentar o Jonatas em São Paulo. Por isso tomamos a decisão de regredir um pouco e deixá-los treinar em um clube próximo de casa, enquanto as coisas não melhoram”, comenta James William, pai do garoto.
Atualmente jogando pelo Ferroviária de Araraquara, quem descobriu o talento do garoto reforça o talento do garoto. Técnico das categorias Sub 8 e 9 do Corinthians e captador de talentos em meados de 2015, Renato Rodrigues foi o responsável por levar o garoto para o time paulista.
“Vimos potencial nele. Desde o primeiro torneio que disputou atuava bem como meia, tinha um boa chegada na frente e um chute forte, características interessantes para um trabalho pensando no futuro. Foi uma alegria descobrir ele na quadra de futsal, onde mesmo com um pouco de dificuldade na modalidade, ele mostrou boa visão de jogo, passe e finalização”, comenta ele, que também comandou o sub 11.
Jonatas tem consciência que a queda na intensidade dos treinos e nos níveis dos competidores por um longo tempo pode afetar sua construção de carreira profissional. Ele sabe que o caminho é árduo.
“Quando voltar aos times de camisa, quero me dedicar ao máximo. Para jogar futebol profissionalmente é preciso dedicação integral e isso custa caro. A falta de programas de incentivo para essas carreiras faz com que muitos talentos sejam perdidos pela falta de condições”, explica o jovem, que garante que não quer ser apenas mais um no universo da bola.