Abigail Disney mostra o outro lado da empresa

*Por Ernesto Ise – Editor-chefe do Diário Perfil

Abigail Disney mostra o outro lado da empresa
Abigail critica os dois últimos CEOs (Crédito: Amanda Edwards/Getty Images)

O avô de Abigail Disney e Walt Disney fundaram a lendária empresa cujo presente ela retrata em “The American Dream and Other Fairy Tales”.

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Não é a primeira vez que Abigail Disney fala sobre o que considera ser a crescente desigualdade na sociedade que ela conhece melhor, a de seu país, os Estados Unidos. Mas desta vez ele o faz de uma maneira diferente, através do império do entretenimento criado por Walt e Roy Disney, seu tio-avô e avô respectivamente.

Até seu próprio pai, também chamado Roy, foi diretor da empresa até sua morte. Ela é, talvez, da família cujo sobrenome não exige muita apresentação, aquela com maior perfil e mais atividade nas redes sociais. Um dos motivos também é porque ele faz parte do grupo de milionários que, nos Estados Unidos, promoveu, há alguns anos, a campanha “Tax the rich” que propõe que os membros dessa parcela mínima de alta renda paguem mais impostos, e em alguns, que sejam punidos caso não paguem o que é legalmente seu e se esquivem de brechas legais que o próprio sistema norte-americano possibilita se tiverem bons advogados ou contadores.

Sonho

Desta vez, Abigail Disney, casada e mãe de quatro filhos, passou das redes e entrevistas para o universo audiovisual. E alguns dias atrás ele apresentou “The American Dream and Other Fairy Tales” no Sundance Film Festival, um documentário que ele filmou com Kathleen Hughes.

“De uma forma ou de outra, estive envolvido na questão da desigualdade social ao longo da minha vida adulta; Eu também estava sentado na primeira fila vendo como as coisas mudaram desde que Reagan assumiu o cargo até hoje”, explicou Abigail na prévia da estreia.

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“E senti que não havia cenário melhor para contar essa história do que através da Disney, uma empresa que conheço desde minha infância e que também reflete todas as mudanças que ocorreram e continuam ocorrendo na sociedade americana há cem anos. (…) O que trago com isso é uma lembrança pessoal do meu avô dos anos 1960 e início dos anos 1970. O tipo de CEO que ele era, como cumprimentava as pessoas que trabalhavam com ele, como as entendia como parte de um equipamento e não como meras engrenagens de uma máquina.” Tanto a Disney quanto a Hughes exibem o que para eles “evaporou”, ou seja, aquele marqueteiro ideal do “sonho americano” que era “a promessa do nosso país para seus habitantes”, explicaram.

O pontapé para “pintar a sua aldeia e assim o seu mundo” em formato audiovisual foi dado em 2018. Naquele ano, Abigail Disney recebeu, via Facebook, uma mensagem de uma funcionária da empresa familiar a pedir-lhe ajuda para conseguir um aumento salarial. Longe de apenas responder, ela foi vê-lo e depois a outros pessoalmente para descobrir que muitos deles que “trabalhavam no lugar mais feliz do mundo” viviam em autocaravanas ou dependiam de bancos de alimentos para alimentar seus filhos. Em contraste, Bob Iger, então CEO da Disney, já estava na lista da Forbes como supermilionário.

Disney vs. Disney

Por sugestão de seus advogados, Abigail entrou em contato com os executivos da Disney perto do final das filmagens, quando eles já tinham quase todo o material necessário. Primeiro houve silêncio e depois uma resposta escrita apontando “por que tudo estava bem (na empresa) e que não deveríamos incomodá-los”, disse Abigail em um relatório. Se com Bob Iger ela já tinha dúvidas públicas sobre seu salário e os bônus milionários que recebeu em seus anos como CEO, com seu substituto, Bob Chapek, seus comentários seguem o mesmo tom.

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“Chapek foi quem presidiu todas as mudanças na Disneylândia e na Disney World sobre as quais falo no filme”, ​​detalhou Abigail. “O que eles chamam de ‘programação dinâmica’ é um eufemismo que esconde mecanismos, por exemplo, para impedir que alguns funcionários tenham um segundo emprego que lhes permita somar as horas necessárias para se qualificar para atendimento médico. Ou reduza um departamento de 250 para 200 pessoas e exija que elas façam o mesmo trabalho no mesmo número de horas.”

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Perfil Brasil.

*Texto publicado originalmente no site Perfil Argentina.

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