MUDANÇAS

Afeganistão: Talibã proíbe mulheres de falar em público e mostrar o rosto

A lei foi promulgada nesta semana e faz parte de um documento de 35 artigos, que proíbem práticas como jogos de azar, adultério e homossexualidade

A lei foi promulgada no Afeganistão e faz parte de um documento de 35 artigos, que proíbem práticas como adultério e homossexualidade.
O país promulgou uma lei para ‘promover a virtude e prevenir o vício’ – Créditos: Reprodução/ X

Nesta semana, o Talibã aprovou uma nova lei no Afeganistão através de seu Ministério para “propagação da virtude e prevenção do vício”. A lei, segundo o Ministério da Justiça do país, está em um documento de 114 páginas, com outras leis que proíbem práticas como jogos de azar, adultério, homossexualidade e mulheres de transitarem em público sem estarem cobertas.

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A proposta foi promulgada nesta quinta-feira (22). O documento de 35 artigos é a primeira declaração formal de leis de vício e virtude no Afeganistão desde que o Talibã tomou o poder. De acordo com o governo, todas as leis estão de acordo com a sharia, o sistema jurídico do Islã.

O Ministério também será regulamentador da confuta pessoal, sendo responsável por administrar punições – como advertências, prisões ou repressões – para as pessoas que violarem as leis.

O que diz a lei promulgada no país?

A lei, promulgada na quinta-feira, aplica proibições já conhecidas, porém com maior intensidade e de forma mais rígida. São elas:

  • Mulheres devem “cobrir completamente seus corpos na presença de homens que não sejam da sua família”, incluindo seus rostos, que precisam ser cobertos com uma máscara semelhante àquelas usadas durante a pandemia.
  • Ao “sair de casa por necessidade”, as mulheres não podem ter suas vozes ouvidas em público, seja cantando ou recitando poesia.
  • Motoristas não podem tocar música, transportar mulheres viajando sozinhas ou misturar homens e mulheres que não sejam parentes. A lei também exige que passageiros e motoristas realizem orações nos horários designados.
  • Homens são obrigados a manter a barba, que não pode ser muito curta.
  • A amizade com não-muçulmanos é proibida.
  • A prática de cinco orações diárias é obrigatória.

Além disso, o documento também proíbe a homossexualidade, prática de adultério, jogos de azar, brigas de animais e a criação ou visualização de imagens de seres vivos em telas (computador, celular, tablets, etc.).

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Caso algum afegão quebre as leis, poderá ser advertido, receber uma multa, receber um mandato de prisão preventiva e, caso ocorra novamente, o crime será levado a um tribunal de Justiça.

Medo e intimidação no Afeganistão

No mês passado, a Organização das Nações Unidas (ONU) emitiu um relatório afirmando que o Ministério do Talibã estava contribuindo para criação de um clima de medo e intimidação no Afeganistão, principalmente por meio destes decretos e punições.

“Dadas as múltiplas questões descritas no relatório, a posição expressa pelas autoridades de fato de que essa supervisão aumentará e se expandirá causa preocupação significativa para todos os afegãos, especialmente mulheres e meninas”, afirmou Fiona Frazer, chefe do serviço de direitos humanos na missão da ONU no país.

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O Talibã rejeitou o relatório e continua a aplicar as leis.

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