vítimas do golpe da mala

Filhos de casal preso na Turquia “choram o tempo todo” após ter etiquetas de malas trocadas, diz defesa

Os líbio-brasileiros Ahmed Hasan e a esposa, Malak Treki, foram acusados de tráfico de drogas e presos na primeira audiência do caso

Os dois filhos do casal líbio-brasileiro Ahmed Hasan e Malak Treki, que foi vítima do "golpe da mala" em São Paulo, estão deprimidos.
Casal foi preso após ter etiquetas de malas trocadas por outras com drogas – Crédito: Arquivo pessoal

Os dois filhos do casal líbio-brasileiro Ahmed Hasan e Malak Treki, que foi vítima do “golpe da mala” no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, quando viajava para a Turquia em outubro de 2022, estão deprimidos. Conforme informado pela defesa ao jornal Folha de São Paulo, eles choram ao perguntar pelos pais, que estão presos por tráfico de drogas desde novembro do ano passado.

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Ainda segundo a defesa, os dois filhos do casal, aos 2 anos e meio e 1 ano e meio de idade, que estão vivendo com tios, apresentam quadro de profunda depressão, com crises de choro e perguntando pelos pais o tempo todo.

Em 22 de outubro de 2022, Ahmed e Malak viajaram de São Paulo para Istambul. Eles desembarcaram, pegaram suas malas e deixaram o local normalmente. Alguns dias depois, foram para a Líbia.

Em 19 de maio de 2023, ao viajar sozinho para a Turquia para tratar de negócios, Ahmed foi detido sob acusação de tráfico internacional. As duas malas com os 43 kg da droga e com as etiquetas que tinham seu nome e o de sua mulher haviam sido despachadas de Guarulhos no dia 26 de outubro de 2022, ou seja, quatro dias após o casal deixar o Brasil. 

Quando as bagagens com as etiquetas em nome da mulher e do empresário chegaram a Istambul, foram interceptadas pela polícia turca. As malas com as drogas foram descobertas porque ficaram na esteira do aeroporto e ninguém apareceu para retirá-las.

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“Eles foram até a entrada do avião levando um carrinho de bebê que desmonta em três. Lá, o carrinho recebeu três etiquetas, uma para cada peça, informando o peso total de 5 kg. Quando pegaram o carrinho na Turquia só tinha uma etiqueta. Algum funcionário que faz parte da quadrilha pegou as outras duas etiquetas para usar depois”, afirmou a advogada Luna Provazio, que representa o caso.

Segundo a Polícia Federal, a investigação concluiu que algumas das etiquetas impressas para as malas despachadas por Malak foram retiradas de suas bagagens e reutilizadas nas malas com droga no voo de 26 de outubro de 2022, culminando com a apreensão dos 43 kg de cocaína em malas com o seu nome na etiqueta.

“Portanto, segundo levantamentos desta Delegacia Especial no Aeroporto Internacional de São Paulo, não há indicativos de que Malak tenha tido participação no tráfico internacional de drogas, mas sim que suas etiquetas foram reutilizadas quatro dias depois para o envio da cocaína”, afirmou a PF em nota.

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Para Luna Provazio, “a justificativa da juíza ao determinar a prisão foi baseada no fato de o casal ser estrangeiro, o que colocaria em risco a efetividade da Justiça, [porque] eles poderiam fugir”.

Segundo a advogada, o argumento contra o casal “não tem o menor sentido”. Ela acrescentou que “o Ahmed está lá [na Turquia] desde abril. Semanalmente, ele vai à polícia e coloca a digital dele. Não tentou fugir em nenhum momento”, disse.

“Eles foram vítimas da falta de segurança nos aeroportos do Brasil e da irresponsabilidade por parte das companhias aéreas”, completou Luna.

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O casal líbio-brasileiro permanecerá preso provisoriamente, na Turquia, até a próxima audiência, prevista para 24 de janeiro, conforme informado pela defesa ao jornal Folha de S. Paulo.

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