COMUNIDADE CATÓLICA DIVIDIDA

Funcionários do Banco do Vaticano se casam mesmo com proibição do Instituto

A situação gerou grande polêmica, pois as novas regras são parte das iniciativas promovidas pelo Papa Francisco

Funcionários do Banco do Vaticano se casam mesmo com proibição do Instituto
As novas normas do IOR, que entrarão em vigor em outubro de 2024, proíbem o casamento entre seus funcionários – Créditos: depositphotos.com / haveseen

Dois empregados do Instituto para as Obras de Religião (IOR), conhecido como o Banco do Vaticano, desafiaram as novas regulamentações internas e se casaram em uma igreja na cidade italiana de Fregene. As novas normas do IOR, que entrarão em vigor em outubro de 2024, proíbem o casamento entre seus funcionários, ameaçando demitir um dos cônjuges a menos que o outro renuncie ao emprego.

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A situação gerou grande polêmica, pois as reformas são parte das iniciativas promovidas pelo Papa Francisco. No entanto, levantou-se um debate relevante sobre se um regulamento interno pode se sobrepor a um sacramento sagrado garantido pelo próprio pontífice. Os dois funcionários se conheceram no ambiente de trabalho e, no último sábado, decidiram formalizar sua união seguindo os ritos de sua religião comum.

O que diz a nova regra?

A nova norma do IOR estabelece que não são permitidas uniões entre empregados do Instituto e trabalhadores de outras administrações do Estado da Cidade do Vaticano. A medida gera tensão entre a necessidade de reformas institucionais e a preservação dos princípios religiosos fundamentais. Caso o matrimônio ocorra, um dos cônjuges deve cessar sua relação laboral com o IOR dentro de 30 dias.

Como a comunidade católica reage a essas medidas?

A comunidade católica está dividida. A Associação de Dependentes Laicos do Vaticano, que representa cerca de 450 membros, manifestou solidariedade com o casal, destacando a dificuldade de lutar por direitos trabalhistas dentro de uma instituição tão tradicional. A correspondente vaticana do jornal Il Messaggero questiona se um regulamento interno pode realmente se sobrepor aos sacramentos fundamentais da Igreja Católica.

Por sua vez, a Igreja reafirmou sua oposição a mudanças de sexo, identidade de gênero e maternidade subrogada, mantenedora de princípios tradicionais que frequentemente confrontam com reformas modernas.

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O papel do Papa Francisco nesta crise

Até o momento, o Papa Francisco não se pronunciou sobre este caso específico. Entretanto, espera-se que ele intervenha para proteger os princípios do catolicismo acima das regulamentações internas. Este caso é um exemplo claro de como novas normas podem entrar em conflito direto com os valores religiosos fundamentais, criando cenários de crise que necessitam de um equilíbrio entre tradição e modernização.

Qual o futuro dos cônjuges na instituição?

Atualmente, os cônjuges estão apelando direto ao Papa Francisco, esperando uma intervenção que reforce os valores da Igreja em detrimento das regras do IOR. Se nenhuma solução for encontrada, um dos cônjuges poderá ser forçado a deixar o emprego, criando um precedente que pode influenciar futuras decisões dentro da instituição.

A situação no Vaticano é um lembrete contundente da complexidade de equilibrar reformas institucionais com os princípios religiosos. Resta ver como esta controvérsia será resolvida e que impacto terá na política interna do Vaticano e nos direitos dos seus trabalhadores.

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