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Lacalle Pou insiste em negociar fora do Mercosul

Published 13/07/2021
Lacalle Pou insiste em negociar fora do Mercosul

Presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou (Crédito: Ernesto Ryan/Getty Images)

O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, insistiu mais uma vez, com a sua ideia de que negociar acordos comerciais fora do Mercosul “não quebra o bloco” ou “a sua regra de consenso”, logo após anunciar a movimentação do país oriental antes da Cúpula de Líderes do Mercosul.

“Há muitos anos se reivindica que o Mercosul avance mais rápido e que alguns países do bloco avancem em acordos com outros países. Nosso governo decidiu deixar as palavras de lado e avançar”, afirmou durante a sua participação virtual no fórum “Iberoamérica: Democracia e liberdade em tempos difíceis”, organizado pela Casa de América.

“Falamos sobre isso em reuniões ministeriais e em algumas cúpulas e chegamos a um ponto em que o fim da pandemia está próximo e o mundo vai recomeçar com ainda mais vertigem”, acrescentou. “O Uruguai e o Mercosul têm uma posição privilegiada. A questão é que somos uma região protecionista. O mundo está indo para lá e obviamente o Uruguai tem mais poder de negociação se for com o Mercosul. Se não vamos ir todos juntos, dizemos aos nossos parceiros: ‘deixem-nos avançar’. Isso não significa quebrar o Mercosul ou a regra do consenso. O Uruguai certamente vai avançar”.

As divergências sobre a velocidade dos acordos extrazona e a redução da tarifa externa comum foram mais uma vez os temas centrais da cúpula de presidentes do Mercosul, na qual abundaram os contrapontos entre os chefes de Estado após o Uruguai anunciar na sexta-feira a decisão de começar a negociar diretamente com terceiros países.

Fez isso durante a Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, sediada virtualmente pelo presidente Alberto Fernández desde o Museu do Bicentenário da Casa de Governo, com os seus homólogos do Brasil, Jair Bolsonaro; do Uruguai, Luis Lacalle Pou; e do Paraguai, Mario Abdo Benítez.

Chegou-se à tradicional Cúpula de Chefes de Estado – na qual a Argentina transferiu a presidência pro tempore do bloco para o Brasil – após longos debates travados desde a última segunda-feira por ministros, equipes de negociadores e chanceleres, mas que não conseguiram articular qualquer consenso ou avançar nas diferenças existentes entre os países membros.

Além disso, a posição divulgada ontem pelo Ministério das Relações Exteriores do Uruguai de iniciar a negociação de acordos bilaterais com terceiros países ou blocos fora do acordo com parceiros regionais marcou o clima prévio que acabou transparecendo na reunião presidencial.

Neste contexto e em resposta implícita ao anúncio uruguaio, o Presidente Alberto Fernández afirmou que para o país “o caminho é cumprir o Tratado de Assunção, negociar em conjunto com terceiros países ou blocos e respeitar a figura do consenso” e que, frente a essa atitude, “a Argentina reafirma mais uma vez que ninguém se salva sozinho”.

Fernández já havia se manifestado em termos quase idênticos no final de março passado, em outra videoconferência com seus pares para comemorar o 30º aniversário da assinatura do Tratado de Assunção, oportunidade em que foram explicitadas as diferentes visões sobre o futuro rumo do bloco.

O presidente argentino também destacou a necessidade de que o processo de revisão da Tarifa Externa Comum contemple “os setores sensíveis, visando reduções para os insumos e matérias-primas mas mantendo o atual nível de proteção para os produtos finais”, tal como tem sido a proposta nacional do últimos meses.

Nesse sentido, acrescentou que os países do bloco pactuaram uma redução tarifária de 10% para 75% das posições do nomenclador, o qual “é uma base muito importante, o que significa que todos os membros do Mercosul estamos dispostos a compreender as políticas internas mútuas”.

*Texto publicado originalmente no site Perfil Argentina.

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