A poluição tóxica em Nova Déli alcançou níveis críticos nesta quinta-feira (28), com o Índice de Qualidade do Ar (AQI) marcando 476, classificação “perigosa”, segundo o grupo suíço IQAir. A densa camada de poluentes que cobre a cidade há semanas tem afetado a saúde dos moradores e acendido discussões sobre a viabilidade da capital continuar em Déli.
Um vídeo divulgado pela Reuters mostra a cidade encoberta por uma névoa espessa, reflexo de práticas agrícolas, emissões industriais e tráfego intenso. “Parece que estamos vivendo em uma câmara de gás”, relatou um morador local à Reuters enquanto corria.
Na última semana, o governo indiano anunciou medidas para tentar conter o problema, incluindo a repressão às queimadas de resíduos agrícolas, responsáveis pela liberação de toneladas de poluentes na atmosfera. A Agência Espacial Nacional foi chamada para monitorar as áreas afetadas, mas especialistas alertam que tais iniciativas podem não ser suficientes.
Los niveles de contaminación atmosférica en #NuevaDelhi son 60 veces superiores a las normas internacionales, empeorados por la quema de rastrojos en los estados vecinos. Esta vez, la capital india presenta un índice de “severa-plus” del nivel de polución atmosférico. pic.twitter.com/6lToEk76uE
— teleSUR TV (@teleSURtv) November 28, 2024
Mudar a capital pode resolver a crise de poluição em Nova Déli?
A crise de poluição em Nova Déli intensifica-se a cada inverno, período em que o ar da cidade frequentemente oscila entre os níveis “severo” e “muito severo”. Este ano, medidas emergenciais foram adotadas, como fechamento de escolas, interrupção de obras e restrição de veículos. Mesmo assim, líderes como Shashi Tharoor e Farooq Abdullah questionaram publicamente se a cidade deveria continuar sendo a sede do governo indiano.
“Esta cidade é essencialmente inabitável de novembro a janeiro e mal habitável no resto do ano. Ela deveria continuar sendo a capital do país?”, publicou Tharoor na rede social X.
Especialistas, no entanto, divergem sobre o impacto de uma possível mudança. Sunil Dahiya, fundador do think tank ambiental Envirocatalysts, afirmou ao jornal Valor Econômico que mudar a capital “soa bem como um alerta ou slogan para aumentar a urgência em reduzir a poluição, mas não é uma solução para o problema.”
Por outro lado, a urbanista Vasanti Rao considera que há alternativas mais práticas e econômicas, como o aumento da cobertura florestal, a reutilização de resíduos agrícolas e a modernização de indústrias e usinas termelétricas.
Archana Jyoti, colunista de saúde, alertou ao jornal Valor Econômico que a questão vai além de Nova Déli. “Onde quer que haja oportunidades de trabalho, mais pessoas vão para lá, mais construções acontecem, a cidade se torna um polo econômico e a poluição aumenta. Portanto, mudar a capital não vai resolver o problema.”
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