O procurador-geral do Ministério Público da Venezuela, Tarek William Saab, trouxe à tona uma acusação polêmica envolvendo o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva. Sem apresentar provas, Saab afirmou que Lula teria “manipulado” o incidente que resultou em um corte na cabeça, pouco antes da cúpula dos Brics. Segundo o procurador, essa suposta manipulação teria sido uma estratégia para vetar a entrada do governo de Nicolás Maduro no bloco internacional.
Saab utilizou suas redes sociais para veicular tais afirmações, sugerindo que o acidente doméstico relatado por Lula não passa de um “engano” com o objetivo de evitar a participação no encontro entre os líderes do Brics, que ocorreu na Rússia. A ausência de Lula no evento foi atribuída ao machucado, no qual o presidente brasileiro precisou de cinco pontos. Contudo, Saab baseia suas alegações em um vídeo que mostra Lula em um ato público recente, onde ele aparenta estar bem de saúde.
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Por que o procurador considera as alegações contra Lula?
De acordo com o procurador-geral Saab, a recuperação aparentemente rápida de Lula, que foi visto “sorridente e ileso” em público, levanta suspeitas sobre a veracidade do acidente. Ele afirma que o vídeo é uma evidência do suposto uso do incidente como uma mentira não só para o Brasil, mas também para os membros do Brics e para a comunidade internacional. Saab, em suas críticas, sugere que Lula deveria ser investigado por essas ações, que considera como uma manipulação para prejudicar a Venezuela.
Além disso, Saab menciona um “grande mal-estar” na esquerda latino-americana devido ao que ele chamou de “indigna e nefasta” atitude do Brasil em relação à Venezuela. O procurador acusa Lula de seguir instruções dos “inimigos históricos” do povo venezuelano, apontando que estas ações refletem uma estratégia geopolítica mais ampla, de isolamento da Venezuela em instâncias internacionais.
Qual foi a reação do governo brasileiro e da Venezuela?
O governo venezuelano não demorou a reagir. Por meio de sua chancelaria, qualificou a posição brasileira como uma “agressão” e um “gesto hostil”, criticando a continuidade, por parte do Brasil, das políticas de Jair Bolsonaro contra a Revolução Bolivariana. No entanto, o governo brasileiro, através do Itamaraty, optou por não comentar oficialmente sobre as declarações de Saab, adotando uma postura de silêncio estratégico.
Especialistas notam que essa retórica acalorada não representa uma norma na diplomacia brasileira recente, que busca distanciar-se das tensões exacerbadas da administração anterior. Esse incidente destaca o delicado equilíbrio que o Brasil tenta manter em sua posição diplomática, especialmente em tempos em que alianças internacionais são cruciais.
Qual é o impacto dessas acusações na diplomacia regional?
A acusação de Saab vem num momento em que a Venezuela busca fortalecer suas relações diplomáticas na região e reintegrar-se ativamente em fóruns internacionais. As palavras do procurador-geral podem complicar ainda mais a relação entre Brasil e Venezuela, dois países que tiveram seus altos e baixos no cenário diplomático nas últimas décadas.
Ao acusar Lula e seu governo de ações hostis, Saab coloca uma pressão adicional sobre as relações bilaterais. Neste contexto, a habilidade do Brasil para gerenciar suas relações diplomáticas com países vizinhos será testada, especialmente à medida que a Venezuela busca reforçar suas parcerias regionais.
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