Segundo o relatório anual da ONG Global Witness, divulgado nesta terça-feira (13), pelo menos 177 ativistas ambientais foram assassinados em 2022 em todo o mundo. A instituição responsável por realizar o levantamento foi fundada no Reino Unido e monitora o cenário de ativismo ambiental desde 2012.
A pesquisa indica que, no ano passado, a Colômbia liderou o ranking como país mais violento para pessoas que trabalham com a defesa do meio ambiente e do uso coletivo dos recursos naturais. Foram registrados ao todo 60 assassinatos, o que condiz com o dobro contabilizado em 2021. De acordo com o relatório, a maior parte das vítimas é formada por indígenas, membros de comunidades afrodescendentes e pequenos agricultores.
O número global de mortes apresentado foi levemente inferior ao do ano anterior, quando 200 ativistas foram assassinados. Entretanto, “a situação não melhorou substancialmente” e manteve-se a média de um ambientalista morto a cada dois dias, segundo a ONG Global Witness.
Em segundo lugar no ranking, o Brasil apresentou 34 ataques letais no ano passado, um número de assassinatos maior do que foi registrado em 2021, quando 26 defensores ambientais foram mortos. Já no México, país que ocupou a primeira colocação na classificação em 2021, e a terceira posição em 2022, o total de mortes caiu de 54 para 31.
A América Latina foi uma região que se destacou por apresentar um quadro grave, tendo 88% do total de assassinatos. Dos 18 países que aparecem no relatório com casos documentados, 11 são latino-americanos.
“Nos últimos quatro anos, vivemos um governo federal que desmontou as agências de proteção ambiental e dos povos indígenas. Várias frases do ex-presidente Jair Bolsonaro incentivavam invasão e garimpo ilegal nas Terras Indígenas” aponta Gabriella Bianchini, consultora sênior da ONG no Brasil, em entrevista à DW.
“A situação geral permaneceu terrível para as defensoras e defensores da terra e do meio ambiente, e os ataques não letais – incluindo intimidação, ameaças, deslocamento forçado, assédio e criminalização – seguem prejudicando seriamente o trabalho dessas pessoas”, diz o documento.
* Texto sob supervisão de Lilian Coelho