Stephen Cornish, diretor-geral da Organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), fez um alerta sobre a condição dos refugiados sudaneses no Chade, destacando que a situação está prestes a se tornar uma “catástrofe”. De acordo com a MSF, aproximadamente 500 mil refugiados sudaneses na região leste do Chade – que fica próxima à fronteira com o Sudão – necessitam de ajuda humanitária.
“Muitas pessoas que buscam refúgio no deserto estão dependendo da ajuda humanitária, que é inadequada e esporádica. Isso não pode continuar”, afirmou.
O diretor-geral da organização destacou a insuficiência no acesso a alimentos, água, abrigo e higiene adequada como algumas das dificuldades enfrentadas pelos refugiados sudaneses. “As pessoas não têm água suficiente para tomar banho, limpar e cozinhar. Elas também não têm galões adequados para coletar e armazenar água adequadamente”, acrescentou.
Outros desafios, decorrentes dessa situação precária de acesso, estão relacionados a contração de malária, casos de diarreia e desnutrição. Nesse sentido, Cornish solicita auxílio dos países doadores para apoiar as organizações locais e assegurar o atendimento de “necessidades emergenciais”.
O conflito que levou a condição atual dos refugiados sudaneses
Em abril deste ano, explodiu no Sudão uma conflito armado após tensões entre o comandante do Exército, Abdel Fattah al-Burhan, e o comandante das Forças de Apoio Rápido (RSF, em inglês), Mohamed Hamdan Dagalo, mais conhecido como Hemedti. Essa guerra desencadeou uma crise humanitária.
“Os civis suportaram o peso deste conflito desnecessário. Em todo o Sudão, a RSF e as milícias aliadas aterrorizaram mulheres e meninas por meio da violência sexual, atacando-as nas suas casas, raptando-as nas ruas ou tendo como alvo aqueles que tentavam fugir para um local seguro através da fronteira”, foi o que declarou Antony Blinken, secretário de Estado dos Estados Unidos, no início de dezembro. Ele também fez uma denúncia quanto aos crimes relacionados com limpeza étnica no país.
Cornish reiterou que mulheres e crianças são os grupos que mais sofrem em meio a essa crise. “Seus testemunhos relatam horrores indescritíveis – membros da família mortos, mulheres submetidas a atos hediondos de sequestro e violência sexual e casas reduzidas a cinzas. Sua única aspiração é encontrar um refúgio seguro no Chade”, finalizou.
Sudão: @UNmigration afirma que até 300 mil pessoas fugiram de suas casas na cidade de Wad Medani por causa dos combates.
Violência fará número de deslocados chegar a 7,1 milhões no país, mais de 1,5 milhão de sudaneses estão refugiados em nações vizinhas. https://t.co/qk6PkrY4Ub
— Nações Unidas (@NacoesUnidas) December 21, 2023
* Sob supervisão de Lilian Coelho