Ícone do site

Uma análise sobre os desafios das mulheres na política

Published 08/03/2023
ANIELLE-FRANCO-FALA-DAS-MULHERES-NA-POLITICA

(Crédito: Divulgação)

“Em 2020, nas eleições municipais, quando tivemos um número inédito de mulheres negras eleitas que se inspiravam em Marielle, eu fiz a pergunta: quem cuida dessas mulheres depois de eleitas? Essa pergunta fala sobre a responsabilidade do Estado em proteger essas mulheres uma vez que cheguem neste espaço e do enfrentamento à violência política de gênero e raça, mas também do processo individual e coletivo que elas têm de passar depois que adentram a política. Um processo desafiador e, por muitas vezes, solitário.

Somos uma geração de mulheres que foram as primeiras ou são as únicas a ocupar um espaço de poder. Ainda que sob condições precárias, pouca falta de recurso, pouca estrutura e alvo de violência, inclusive institucional promovida pelo antigo governo, essas mulheres que adentraram a política nos últimos anos vêm elaborando uma produção – sobretudo legislativa – consistente, robusta e revolucionária.

O fato do ponto de partida e o ponto de chegada dessas políticas ser a promoção da dignidade, dos direitos e da vida das mulheres negras faz com que sejam construídas políticas que contribuam de forma geral para toda a sociedade. Pois são as mulheres negras as mais vulnerabilizadas no acesso à saúde, trabalho, educação, entre outros, mas também são elas que movem as estruturas desiguais históricas do país ao serem alcançadas por políticas capazes de transformar a realidade.

Neste sentido, o novo Governo Federal traz um olhar para a formulação de política pública que junta a prática e a política em si. Somos um número grande de ministras que estamos como Chefes de Estado produzindo políticas com um transversalidade de gênero e raça, atuando para a melhoria de vida do povo brasileiro e de trabalhadoras de todo o país. Estamos juntas – brancas, negras, indígena, bis, lésbicas, heterossexuais, periféricas, de várias regiões – na política para construir esse governo que respeita as mulheres porque é um governo constituído e dirigido por mulheres.

Há uma famosa foto de Marielle vestindo uma blusa com os dizeres ‘Diversas, mas não dispersas’. Na foto, ela está diante da tribuna da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, discursando. E é assim, honrando esse legado e das tantas que vieram antes, que iremos fazer política, avançando nas nossas diversidades, mas atuando para união e reconstrução de um país para todas as mulheres e abrindo espaço para que cada vez mais mulheres cheguem e estejam em espaços de decisão.”

*Anielle Franco é ministra da Igualdade Racial, jornalista, professora e foi a única brasileira escolhida como uma das 12 mulheres de 2023 pela revista Time

Sair da versão mobile