O Brasil atingiu a marca de 1 milhão de casos de dengue em 2024, um aumento significativo em relação ao mesmo período do ano anterior. Foram registrados 1.017.278 casos nas primeiras oito semanas deste ano, em comparação com 207.475 casos no mesmo período de 2023. Além disso, houve 214 mortes confirmadas e 687 em investigação desde janeiro.
Renato Kfouri, da Sociedade Brasileira de Imunizações, observa que o aumento precoce e rápido dos casos de dengue neste ano é preocupante. Ele afirma em entrevista ao G1 que “nesse 1 milhão de casos nós temos uma imprevisibilidade da dengue. Tem anos que a temporada começa mais cedo e acalma mais cedo. Tem anos que a temporada vai num platô. Tem anos que você tem um pico muito grande, mas de curta duração”.
O infectologista e consultor da Organização Mundial da Saúde (OMS) e Opas, Kleber Luz, também destaca ao mesmo portal a importância da conscientização da população sobre a gravidade da dengue, destacando que a doença pode afetar pessoas de todas as idades e levar a complicações graves, inclusive à morte, indicando a possibilidade de que 2024 seja um ano recorde para a doença. “A curva está tendo uma inclinação muito positiva desde o início do ano, e isso é ruim. O gráfico deveria subir mais lentamente, e não é isso que estamos vendo. A expectativa é que a gente bata todos os recordes de dengue em 2024, já que a largada começou com alta velocidade”, explica.
Diante desse cenário alarmante, sete estados brasileiros (Acre, Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo), além do Distrito Federal, declararam emergência em saúde pública devido à dengue. Para enfrentar o avanço da doença, o Ministério da Saúde anunciou a implementação de um “Dia D” de mobilização nacional contra a dengue, marcado para o próximo sábado, 2 de março.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, reforçou a importância da presença para a vacinação: “Faço aqui um chamamento à sociedade, aos profissionais de imprensa, para que estejam conosco no Dia D – Brasil unido contra a dengue, no próximo sábado. Este é um momento de atenção não só das autoridades sanitárias, do Ministério da Saúde, mas também de toda a sociedade”, afirmou em coletiva de imprensa.
A prevenção da dengue é crucial e depende da eliminação dos criadouros do mosquito Aedes Aegypti, vetor responsável pela transmissão da doença. Estima-se que cerca de 75% dos criadouros estejam presentes nos domicílios, em locais como vasos de plantas, garrafas retornáveis, pratos, recipientes de água parada, entre outros. Para combater efetivamente o mosquito, é fundamental a participação ativa de toda a sociedade, bem como a implantação de ações governamentais e estratégias de saúde pública.
O infectologista e consultor da OMS destaca que a dengue pode causar a morte de pessoas absolutamente saudáveis e de qualquer idade. Por isso, ao apresentar os primeiros sintomas, é necessário que a pessoa procure uma unidade de saúde para receber diagnóstico e tratamento adequados, uma vez que a infecção pode evoluir rapidamente e o óbito pode ocorrer no terceiro ou quarto dia.
* Matéria publicada com supervisão de Ricardo Parra.