DOENÇA RARA

‘Comi molho contaminado, parei de andar e falar’, diz servidora pública

Doralice Goes ficou quase um ano internada em hospital de Brasília após consumir produto com bactéria causadora do botulismo

'Comi molho contaminado, parei de andar e falar', diz servidora pública
A servidora pública teve que reaprender a realizar movimentos motores e também a falar (Crédito Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

A servidora pública Doralice Goes ficou quase um ano internada sem andar e sem falar. Ela consumiu um molho ‘pesto’ comprado em uma feira em Brasília. O produto estava contaminado com a bactéria causadora do botulismo. A doença é rara e pode matar em poucas horas.

Publicidade

Doralice hoje está reaprendendo movimentos simples. Tudo começou no último dia de 2021. “Fui a uma feira artesanal e comprei um molho de um feirante de quem já era cliente e deixei para comer depois”, explicou.

Ela relatou ao UOL que ela não viu se na embalagem do produto havia prazo de validade. “O vendedor não me deu orientação sobre armazenamento, mas confiei porque era cliente frequente e deixei o molho na despensa”, disse.

Depois de algum tempo, no dia 23 de janeiro de 2022, “um domingo”, ela colocou o molho em uma torrada. Doralice ainda contou que “estava delicioso”.

Mas, na terça-feira seguinte, pela manhã, ela foi treinar e começou a sentir uma fraqueza, que ela nunca tinha sentido. “Pensei que tivesse pegado pesado no treino. No trabalho, falei que não estava me sentindo bem”, explicou aos colegas.

Publicidade

Não passou muito tempo para que outros sintomas aparecessem. “Minha mão começou a formigar e o pessoal dizia que não entendia nada do que eu falava porque minha língua começou a enrolar. Pensei que poderia ser AVC”, relatou.

A servidora dirigiu 20 km até o hospital. Já no estacionamento, suas pernas pararam de funcionar.  Os funcionários a levaram para a emergência. Durante os exames, ela parou de respirar. “Tinha perdido todas as funções do meu corpo, menos o coração, que estava bombeando. A toxina atingiu meu sistema nervoso e fiquei tetraplégica“. Ela teve que entubada.

Apenas o neurologista Samir Souki conseguiu diagnosticar a doença: botulismo. A mulher precisou de cuidados especiais e de muito apoio da família nas semanas seguintes.

Publicidade

“Só consegui voltar a falar depois de nove meses, quando tirei a traqueostomia”, contou. A servidora pública recebeu alta em dezembro de 2022.

Há alguns meses, ela decidiu morar sozinha. “Não consigo fazer algumas atividades, como lavar um banheiro. É um dia de cada vez. Tenho sequelas, mas muita vontade de viver. A vida é hoje e o futuro é uma ilusão. Fiquei sete meses sem ver o pôr do sol”, contou.

O botulismo é uma doença grave causada por uma toxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum. Ela causa paralisia dos músculos, tem evolução rápida e pode levar à morte.

Publicidade

Publicidade

Assine nossa newsletter

Cadastre-se para receber grátis o Menu Executivo Perfil Brasil, com todo conteúdo, análises e a cobertura mais completa.

Grátis em sua caixa de entrada. Pode cancelar quando quiser.