A Bíblia é o item mais antigo da coleção do Museu Histórico Visconde de São Leopoldo carrega consigo um vínculo profundo com a história da imigração alemã no Brasil. O evento é comemorado neste dia 25 de maio, marcando o bicentenário de uma jornada que transformou a história do país.
De acordo com Ingrid Marxen, diretora de relações institucionais do Museu Histórico, o resgate da Bíblia durante uma enchente foi uma prioridade inesperada. “Choveu, sim, mas não tínhamos ideia de que poderia ser tão sério. Quando estávamos fechando, nossa funcionária lembrou da Bíblia. Ela voltou, a pegou e a levou para um lugar seguro”, recorda Ingrid.
A imigração alemã no Brasil é um marco histórico que remonta ao desembarque de milhares de alemães em busca de uma nova vida. Rodrigo Trespach, historiador, explica: “A Alemanha não era a Alemanha que conhecemos hoje. Era uma confederação de pequenos estados, não era um país unificado. Havia fome, pobreza e excedente populacional após as guerras napoleônicas”.
A travessia desse povo corajoso, iniciada em julho de 1824, durava quase seis meses e era feita por navio. Os imigrantes foram inicialmente recebidos no Rio de Janeiro e, posteriormente, se estabeleceram no Sul do Brasil, especialmente em São Leopoldo, onde o museu agora preserva seus legados.
Quais objetos históricos foram perdidos na enchente?
Apesar do esforço dos voluntários do museu, um piano alemão de 120 anos foi destruído na enchente. Essa peça era única e, lamentavelmente, não pode ser restaurada. A água que atingiu o museu no início de maio deste ano causou danos consideráveis.
Trespach detalha: “A água atingiu mais de um 1,5 m [dentro do museu], só que, quando estabilizou, ela ficou mais ou menos uma semana com água dentro”. Apesar das perdas, outros objetos danificados têm chance de recuperação.
São Leopoldo é um ponto de referência significativo para a comunidade alemã no Brasil. Foi lá que os primeiros imigrantes começaram suas novas vidas, recebendo terras e recursos essenciais. O Porto das Telhas, no município, tornou-se um marco histórico importante.
- Os imigrantes eram abrigados no galpão da Real Feitoria do Linho Cânhamo.
- Cada família recebia 77 hectares de terra.
- Eram fornecidos animais, sementes e ferramentas para o cultivo.
Ao longo dos anos, São Leopoldo e arredores continuaram a receber imigrantes, que contribuíram significativamente para o desenvolvimento agrícola, cultural e econômico da região. Mais do que transformar paisagens rurais, essas famílias alemãs criaram novas comunidades e tradições.
Como a Bíblia centenária representa a imigração alemã?
A Bíblia, que já era antiga em 1765, simboliza mais do que um objeto religioso; ela representa a resistência e a esperança dos pioneiros alemães. Ao preservá-la, Ingrid e outros voluntários do museu garantem que a história desses imigrantes continue viva.
Ingrid comenta: “Ela [a Bíblia] não é uma bíblia qualquer. Em 1824, já não era nova, mas foi trazida como um símbolo de fé e resiliência. É uma peça fundamental na coleção do museu e no legado da imigração alemã no Brasil”.
Assim, o museu continua a ser um guardião não apenas de objetos, mas de histórias e memórias que compõem a rica tapeçaria da imigração alemã no Brasil. A preservação desses itens históricos é essencial para perpetuar o legado daqueles que ajudaram a moldar o país que conhecemos hoje.