Entre todas as áreas que abrangem a saúde da mulher, o câncer ginecológico exige atenção especial. Uma estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) indica o surgimento de 30 mil novos casos a cada ano, sendo mais frequentes os tumores no colo do útero, nos ovários e no endométrio.
Uma vez identificado, esse tipo de câncer deve ser tratado por um(a) especialista em ginecologia oncológica, capacitado para exercer ações e procedimentos de alta complexidade – tais como os cirúrgicos – bem como acompanhar a paciente em seu tratamento.
Para entender melhor o que envolve o tratamento desse tipo de tumor, a reportagem ouviu o médico ginecologista e obstetra Marcos Maia, especialista em oncologia ginecológica. Confira:
Qual a importância de um ginecologista oncológico?
“Ele faz o diagnóstico e o tratamento dos cânceres que envolvem órgãos femininos da pelve, como vulva, vagina, útero, tubas uterinas e ovários. Essa especialidade dá o tratamento, a orientação e o seguimento corretos para a paciente, a fim de garantir um desfecho favorável.
O tratamento dos cânceres ginecológicos vão desde um tratamento cirúrgico, como também quimioterapia, radioterapia e até imunoterapia, uma modalidade bem moderna e que dá bons resultados para alguns tipos de câncer“.
Como o tipo de tratamento é escolhido?
“O oncologista ginecológico tem a capacidade técnica de indicar o melhor tratamento. Às vezes é indicada uma quimioterapia antes da cirurgia, como nos casos de câncer de ovário. Outras vezes, já vai direto para a cirurgia. Em outros casos, o procedimento cirúrgico nem é indicado a princípio. A paciente pode se beneficiar muito com apenas radio e/ou quimioterapia“.
O que é levado em consideração para decidir?
“O tratamento envolve muitas coisas, inclusive o estadiamento da doença. Trata-se da extensão do tumor, o perfil clínico da paciente, se ela está bem de saúde, se tem alguma comorbidade. Mas tudo isso é conversado com ela e, às vezes, com a família também.
Hoje a conduta médica não é mais verticalizada, onde o médico decide e ‘ponto final’. É mais horizontal, com uma equipe multidisciplinar que, em conjunto, busca sempre a melhor assistência para a paciente naquele momento“.
Como funciona o atendimento multidisciplinar?
“O cirurgião oncológico, por exemplo, é mais voltado para a parte cirúrgica ou para a indicação não-cirúrgica, alertando que não há como operar a paciente naquele momento. Aí entra em jogo o oncologista clínico, que tem a capacidade técnica para indicar a quimioterapia ou a radioterapia. Se optarem pela radioterapia, entra uma outra especialidade, que é o radioterapeuta.
A oncologia é multidisciplinar. Esses são os três pilares principais, mas, não menos importante, entram também a nutrição e a fisioterapia, porque dependendo do tipo que radio ou quimioterapia, é importante orientar o tipo de alimentação que vai ter menos efeitos colaterais para o paciente. A radioterapia pélvica, por exemplo, pode causar uma estenose (estreitamento) da vagina, e a fisioterapia ajuda a manter a funcionalidade do órgão para não prejudicar as relações sexuais da paciente“.
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