Você está em frente à multidão, pronto para se apresentar – seja alguma palestra importante, uma música ou interpretação -, quando, de repente, o coração começa a acelerar, as mãos a suar, o estômago não para mais quieto e parece que o seu corpo está congelando, você acha que precisa de dicas para controlar o nervosismo? Segundo Anna Murakawa, violinista brasileira que, atualmente, conta com uma carreira internacional e PhD em música com foco em aprender como aprender, é cientificamente comprovado que falar em público é um dos maiores medos da população, no geral.
“No caso da música, acho que as pessoas confundem muito o caráter delas com o que elas produzem. Então, ficam com um receio de que, se o que elas fizerem não sair tão bem ou como o esperado, isso afete, de alguma forma, como o público a percebe como pessoa e é o que gera o nervosismo e a ansiedade”, explica a musicista.
“Na verdade, o que elas esquecem é que continuam sendo a mesma pessoa, com os mesmos valores e integridade”, complementa a violinista, que já performou com artistas renomados como Ivete Sangalo, Toquinho, Família Lima, Eminem, Michael Bublé, One Republic, Delta Goodrem, Jessica Mauboy e Samantha Jade.
Para aprender a controlar melhor os estímulos causados pela ansiedade antes das apresentações em público, Anna lista quatro dicas específicas que aprendeu ao longo dos seus 17 anos de carreira e colocou em prática em algumas das mais de 500 apresentações que realizou pela América Latina, Bulgária, Estados Unidos e Austrália. Confira quais são essas dicas para controlar o nervosismo:
Dica 1 – Foque naquilo que você quer transmitir
“A principal delas – e a que eu acho mais bonita – foi a que eu ouvi de um professor. Ele me dizia para, toda vez que eu subir ao palco, me lembrar que tudo que estou fazendo não é sobre mim, mas, sim, sobre a música e o que eu tenho no meu coração para expressar. Isso faz muita diferença”, conta Anna.
Antes de qualquer apresentação, tente se lembrar o porquê você está fazendo aquilo e o que você tem para agregar na vida das pessoas que estão assistindo. Isso vai ajudar a pensar menos sobre como as pessoas vão te ver, se vai errar ou acertar, e mais no que você realmente quer que a pessoa sinta e aprenda.
Dica 2 – Cuide do seu principal aliado: o corpo
Em um quesito mais prático, existem algumas pesquisas que comprovam que comer um pequeno pedaço de banana ou chocolate antes das apresentações, que não seja usando a voz, auxilia no controle do nervosismo. Opte também por comidas leves e saudáveis, que ajudam a manter o estômago calmo e estável.
“Antes de tocar, subir ao palco ou até de fazer uma palestra ou live, por exemplo, eu geralmente não consigo comer nada antes, então, eu tento preservar meu estômago, bebendo bastante água e me mantendo hidratada”, conta.
Dica 3 – A prática leva a ansiedade mais controlada
Outra coisa que ajuda muito é praticar sair da zona de conforto. Então, quanto mais você se colocar em uma situação diferente, praticando falar e tocar na frente das pessoas, mais confortável você fica. As pessoas passam muito tempo se preparando para uma situação, mas não se colocam realmente naquilo. Muitas vezes, o medo vem mais da antecipação de fazer algo do que do fato de fazer a coisa em si.
“Não é uma coisa que acontece da noite para o dia, mas é possível se adaptar e conseguir saber o que esperar em uma situação como essa. Hoje, quando subo no palco, por exemplo, eu raramente fico nervosa, porque eu sei o que esperar e como as coisas vão acontecer. Meu nervosismo aparece somente quando eu não me sinto preparada e isso é uma coisa que conseguimos ajustar por trás das cenas com os treinos”, salienta a violinista, que saiu do Brasil aos 17 anos.
Dica 4 – Se nada adiantar, procure um especialista
Se, mesmo assim, a pessoa ainda se sentir muito nervosa ao se apresentar em público e não conseguir controlar os sintomas físicos, que acabam atrapalhando na performance e alterando o estado emocional, o melhor é procurar um médico. “O especialista irá analisar cada caso e prescrever a melhor solução, de acordo com a necessidade de cada paciente. Ansiedade é coisa séria e não devemos ter vergonha de pedir ajuda para tratar de algo natural e instintivo de todo corpo”, finaliza Anna Murakawa.