
Um homem de 40 anos, morador de Londres, foi diagnosticado com uma infecção causada pelo Trichophyton indotineae, fungo resistente a tratamentos convencionais. O caso, considerado o primeiro no País, foi detectado em Piracicaba (SP) e divulgado na revista Anais Brasileiros de Dermatologia.
O paciente viajou por vários países europeus, entre eles Áustria, Hungria, Polônia e Turquia, antes de visitar a família no interior paulista, onde recebeu atendimento.
Como o caso foi descoberto?
A dermatologista Renata Diniz, relatou ao g1 que o examinou, percebeu que as lesões na pele – nos glúteos e nas pernas – eram incomuns: grandes, vermelhas, com coceira e descamação. O paciente já havia tentado outros tratamentos, sem sucesso.
“Logo na primeira consulta, eu já estranhei porque era um paciente jovem, com muitas lesões grandes, disseminadas, e que não tinha respondido a tratamentos fúngicos que usamos de forma corriqueira. Então, me acendeu um alerta e optei por mudar o tratamento.”
Com a recorrência dos sintomas, mesmo após melhora inicial, a médica consultou o dermatologista John Verrinder Veasey, da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Ele sugeriu testar para Trichophyton indotineae. O diagnóstico foi confirmado por um laboratório da USP.
Fungo resistente pode se espalhar no Brasil?
Embora o fungo não seja letal, sua resistência representa um desafio. Segundo a médica, ele não invade órgãos, mas pode se espalhar pela pele e retornar após a interrupção do tratamento.
“Ele é um fungo que se desenvolve na pele, não espalha para dentro do corpo, não vai levar a uma deterioração além das lesões cutâneas. O grande problema dele é que essa questão da resistência ao tratamento.” O tratamento combina antifúngicos específicos, cuidados com a umidade da pele e reforço do sistema imunológico.
A transmissão ocorre por contato direto com a pele ou objetos contaminados, como toalhas. “Por exemplo, eu tenho fungo nas mãos, eu lavo a minha mão numa toalha, você vai e lava a sua mão depois na mesma toalha […] Ou pele com pele. É por contato.”
Durante sua estadia no Brasil, o paciente teve melhoras seguidas de recaídas. Após retornar à Inglaterra, não houve mais atualização do quadro clínico.
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