O Ministério da Saúde pedirá ainda nesta semana à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) uma autorização para o uso de autoteste de Covid-19 no Brasil. Outros países como Portugal, Itália e Estados Unidos já utilizam esse teste para agilizar o diagnóstico da doença.
O autoteste é um exame rápido de antígeno que pode ser feito pela própria pessoa, sem necessidade de ir à farmácia, laboratório ou hospital.
Atualmente, a venda do autoteste não é liberada no Brasil. A Anvisa argumenta que doenças com notificação obrigatória às autoridades de saúde, como é o caso da covid-19, não podem ter autotestes.
Na última sexta-feira (7), a Anvisa emitiu uma nota esclarecendo que as regras atuais só permitem “o registro de autoteste de doenças infectocontagiosas passíveis de notificação compulsória, como a Covid-19, caso haja uma política de saúde pública e estratégia de ação estabelecida pelo Ministério da Saúde”.
“Para a adoção de uma eventual política pública que possibilite o uso de autoteste para Covid-19, é fundamental considerar os fatores humanos e a usabilidade do produto, medidas de segurança do produto, limitações, advertências, cuidados quanto ao armazenamento, condições ambientais no local que será utilizado, intervalo de leitura, dentre outros aspectos”, completou a Anvisa.
A Anvisa também afirmou que deve haver preferencia pelo exame de RT-PCR para o diagnóstico de coronavírus. Disse que os testes rápidos são para “triagem e apoio à estratégia de monitoramento”.
Leia a nota da Anvisa na íntegra.
O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS SOBRE OS AUTOTESTES?
A pesquisadora norte-americana em epidemiologia, Ethel Maciel, afirma que os autotestes são importantes para a identificação rápida de infectados e interrupção da transmissão do vírus.
“Se você tem uma reunião de família, faz o teste e dá positivo, você deixa de ir. E isso impede a possibilidade de que você transmita o vírus para as pessoas da reunião familiar”, disse Ethel.
A pesquisadora sugere a liberação a distribuição gratuita dos autotestes. Ethel diz que um excelente modelo seria entregar kits mensais para pessoas cadastradas que informassem regularmente os resultados dos testes. Isso permitiria a vigilância dos casos pelas autoridades de saúde.
O professor do Instituto de Medicina Social da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), Guilherme Werneck, defende a distribuição de autotestes. Werneck diz que o exame melhora e agiliza o processo de diagnóstico.
“Reduz a exposição individual, por não precisa circular e encontrar pessoas. E se bem orientadas, as pessoas positivas já entram em isolamento e os contatos são testados mais rapidamente”, afirma Guilherme.