'ACEITA'

Candomblé: música de Anitta levanta discussão sobre intolerância religiosa

“Eu acredito que as religiões são rios que desembocam num mesmo lugar: Deus, a inteligência suprema”, disse a cantora ao rebater críticas

Candomblé
Anitta faz homenagem ao Candombé em novo clipe – Crédito: Reprodução / Redes Sociais

A cantora Anitta lançou nesta terça-feira (14) o clipe de sua música ‘Aceita‘, onde celebra sua religião, o Candomblé. No entanto, seus seguidores não aceitaram muito bem a crença da artista. Consequentemente, ela perdeu mais de 200 mil seguidores em sua rede social após divulgar fotos do projeto nesta segunda-feira (13).

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Ao promover o lançamento do clipe, ela desabafou: “Ontem, quando anunciei o lançamento deste clipe, perdi mais de 200 mil seguidores em menos de duas horas. Eu já falei da minha religião inúmeras vezes, mas parece que deixar um trabalho artístico pra sempre no meu catálogo foi demais para quem não ACEITA que o outro pense diferente.”

 

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O que é o Candomblé?

O Candomblé é uma prática das crenças africanas trazida para o Brasil pelas pessoas escravizadas quando o país foi colonizado. Por isso, é considerada uma religião afro-brasileira. Além disso, é repleta de rituais realizados ao ritmo de atabaques e cantos em idioma ioruba ou nagô, que variam conforme o orixá que está sendo cultuado. As cerimônias do candomblé são realizadas nos terreiros, que hoje são casas ou templos, mas expressam no nome suas origens: era cultuadas em clareiras na mata que os escravizados podiam expressar sua religiosidade.

Em seu clipe, Anitta aparece com os pés descalços e de roupas brancas durante a celebração de um ritual em um terreiro. Ao longo do vídeo, ela mostra diferentes cerimônias e ritos dos qual ela faz parte. A artista é frequentadora de um terreiro na Baixada Fluminense.

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A rejeição de religiões de matrizes africanas vem, na maioria das vezes, de mitos e preconceitos para “demonizar” essas manifestações. “Eu acredito que as religiões são rios que desembocam num mesmo lugar: Deus, a inteligência suprema […] Quando recebo mensagens de repúdio e intolerância religiosa, não sinto energia divina sendo emanada em minha direção, sinto a energia contrária. Eu tenho fé, não tenho medo”, escreveu.

Intolerância religiosa

Além disso, Candomblé é fruto de uma intolerância religiosa que existe há anos no Brasil. Quando os africanos escravizados vieram para o país e foram proibidos de continuar a praticar a sua fé, para não abandonar suas crenças, usavam as imagens dos santos para escapar da censura imposta pela Igreja Católica. Assim, identificavam seus deuses com os santos da religião católica.

Essa discriminação existe até hoje e com o lançamento do clipe na nova música de Anitta, o preconceito veio à tona, não só com a cantora, mas também com terreiros pelo país. No Rio, por exemplo, um terreiro de umbanda, também religião de matriz africana, foi alvo de intolerância religiosa de vizinhos e o caso gerou investigação policial. Uma pesquisa da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) aponta que o Rio de Janeiro ocupou a segunda e a primeira colocação em denúncias de violação à liberdade religiosa nos anos de 2022 e 2023, respectivamente.

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*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini

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